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Fomos Heróis: assim começou a guerra do Vietnã

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Fomos Heróis: direção de Randall Wallace COBRINDO TODO O TEATRO DE OPERAÇÕES Nem todos os cinéfilos apreciam filmes de guerra. Alguns evitam exposições à violência, como quem evita tomar vento pelas costas, para se proteger das gripes e resfriados. Não abrem mão de suas suscetibilidades. O fato é que todos ficamos resfriados, em algum momento! Para quem gosta da sétima arte, certos filmes de guerra são inevitáveis, especialmente os que ampliaram os cânones do gênero e modelaram o jeito de fazer cinema. Apocalypse Now , O Resgate do Soldado Ryan , Nascido Para Matar , Platoon , Nada de Novo no Front ... São alguns dos títulos que me ocorrem quando quero falar de qualidade, para chamar a atenção dos cinéfilos mais... pacifistas.           Fomos Heróis , filme de 2002 dirigido por Randall Wallace, talvez não seja uma dessas obras inovadoras, que merecem estar no topo da lista, mas possui qualidades inegáveis. Trata-se da adaptação para as telas do livro We Were Soldiers Once... And Young

Direto ao Conto - 7

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NOVAS EVIDÊNCIAS Minha aspiração era ser escritor, mas não! Sou policial. Ao invés de palavras, reúno provas, salpicadas sem nexo pelas cenas dos crimes. Pinço substantivos e os empacoto, etiqueto e catalogo. Colho depoimentos, mas não cultivo narrativas. Ao contrário, as desmonto. Depois remonto, deixando de fora qualquer vestígio autoral. Ouço vozes ativas e passivas, estapafúrdias, ameaçadoras, apavoradas, rancorosas, meliantes... Exerço uma datilografia disléxica, despreocupada com eventuais revisores xeretas. É assim que registro crimes gramaticais e atentados ortográficos. Laudos periciais, boletins de ocorrência, relatórios de inquérito, alegações... São os formatos literários que me cabem.           Participei, certa vez, de uma reconstituição muito comentada. Foi meu ápice narrativo. Senti-me um diretor de cinema, apontando minhas lentes subjetivas na direção da materialidade. Derramando luzes no encalço da ação. Gritando cortes para desencadear verossimilhanças. Girando a

300: dos quadrinhos para as telas

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300: direção de Zack Snyder COMBATEREMOS À SOMBRA! A Batalha de Termópilas aconteceu há 2.500 anos. Todos já aprendemos sobre ela nos bancos escolares: durante três dias, 300 espartanos liderados pelo Rei Leônidas encurralaram 300 mil persas numa passagem estreita e resistiram até a morte para defender os valores que ergueram a civilização ocidental. Os gregos já empreendiam a busca racional pela verdade e entendiam que ela é tarefa de cada indivíduo. Já os persas, estavam mais preocupados em expandir seu império exuberante e multicultural, mas controlado por um poder central onipresente.           Aqueles espartanos corajosos, unidos pelo ideal de liberdade e independência, viraram símbolo de heroísmo. Além de inspirar as demais cidades-estados gregas a seguir na resistência aos invasores adeptos da servidão coletiva, protagonizaram um episódio incrível, que nos instiga até hoje. Quem se encantou com essa história desde garoto foi o escritor e desenhista Frank Miller, um dos principai

Desacorde lança Blues Estatal - Imposto é Roubo

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ESCUTE AQUI EM PRIMEIRA MÃO! Já está nas plataformas de música o primeiro single da banda Desacorde, com a canção Blues Estatal - Imposto é Roubo (Groove Estatal) . Com uma mensagem francamente anarcocapilatista, a música é um rock criado a partir da fusão de alguns estilos, com elementos de funk, rock e blues. A letra faz uma crítica feroz ao estado e seus tentáculos opressores, que esmagam os cidadãos, roubam nossas liberdades individuais e ferem os direitos de propriedade. Clique e escute! A canção foi composta por Gabriel BASStião. O arranjo é uma criação coletiva da banda Desacorde, que traz uma sonoridade ácida, mas impondo uma musicalidade refinada, sustentada por uma bateria enérgica, linhas de baixo precisas e uma guitarra bem articulada. Outro diferencial fica por conta da voz feminina com timbre marcante, que conduz os vocais. Com influências de bandas como Concrete Blonde, Beatles, Rolling Stones, Iron Maiden, Lynyrd Skynyrd, Molly Hatchet e Grand Funk Railroad, a Desacorde

Os Três Patetas: divertida homenagem aos reis da comédia pastelão

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Os Três Patetas: direção de Peter e Bobby Farrelly INCRÍVEL COMO O TRIO SE ENQUADROU BEM NA TV Tinha 9 anos e isso foi lá em 1969. Naquela tarde, estava na frente da televisão, aquela caixa valvulada que ficava na sala de estar e tinha uma tela em preto-e-branco. Distraía-me com as imagens chuviscadas de baixa resolução, quando o aparelho deixou de funcionar. Minha mãe chamou o técnico, que prometeu uma visita para aquela mesma tarde. Ela, porém, precisou sair. Quando o técnico deu as caras, estava sozinho em casa. Mostrei-lhe o aparelho e em poucos minutos apresentou o diagnóstico: havia uma válvula queimada que precisava ser substituída. Que droga! O sujeito chegou a me dar o preço em cruzeiros novos.           Aterrorizado com a possibilidade de ver meu pai chegando do trabalho à noite, só para esbravejar furioso diante da televisão quebrada, não pensei duas vezes. Fui até a gaveta da cômoda, onde minha mãe escondera o dinheiro dado por minha avó para comprar os presentes de Natal –

Dredd: juiz, mas também policial, promotor, júri e carrasco

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Dredd: filme dirigido por Pete Travis UM SISTEMA INFECTADO DE CINISMO E HIPOCRISIA Para escrever sobre o ótimo Dredd , filme de ação e ficção científica com estética cyberpunk, dirigido em 2012 por Pete Travis, quero começar falando de... pragmatismo! Baseado na história em quadrinhos criada em 1977 por John Wagner e Carlos Ezquerra e publicada na revista inglesa 2000 AD, o filme mantém a essência do protagonista, que combate o crime em Mega City One, uma megalópole distópica incrivelmente violenta. Lá, o tal Juiz Dredd exerce as funções de policial, promotor, juiz, júri e carrasco, tudo ao mesmo tempo. Sim, ele e seus colegas juízes, que estão na rua impondo a lei e a ordem, agilizam o processo, ganhando tempo e poupando os recursos dos pagadores de impostos. São legitimados por um sistema pragmático, desenhado pelos detentores do poder para garantir resultados palpáveis, medidos estatisticamente.           Quando comecei a frequentar os bancos da universidade, meus professores logo m

Caminho da Liberdade: escapando do comunismo

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Caminho da Liberdade: direção de Peter Weir UM TRIBUTO ÀS VÍTIMAS DO REGIME STALINISTA Ouvi a palavra gulag pela primeira vez quando foi pronunciada em algum telejornal no começo dos anos 1970, quando tinha 12 ou 13 anos. Não atinei de imediato para o seu significado, mas passei anos acreditando se tratar do nome de um arquipélago na União Soviética – culpa do escritor Aleksandr Soljenítsyn, premiado com o Nobel de Literatura depois de empreender um esforço sobre-humano para se livrar da vigilância comunista e contrabandear para o ocidente o livro mais bombástico daquela década.           Quando entrei na faculdade, descobri que a obra – um calhamaço em três volumes – conta as histórias de centenas de sobreviventes dos campos de concentração soviéticos na Sibéria, para onde eram despachados os... inimigos do povo. Jamais li Arquipélago Gulag , mas compreendi o significado trágico do seu título por meio das resenhas publicadas na imprensa: ilhas de desgraça pontilhadas por toda a gélida

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