Sem Limites: fantasia sobre a droga da inteligência

Cena do filme Sem Limites
Sem limites: filme dirigido por Neil Burger

UMA BOA IDEIA CONTADA COM ESTILO E HABILIDADE PARA ENTRETER

Pensar mais rápido, lembrar de tudo o que já leu na vida, aprender qualquer coisa em segundos... Quem não sonha em ter o superpoder da inteligência? Esse é o tema fascinante desfiado em Sem Limites, filme de 2011 dirigido por Neil Burger. Trata-se de um filme de ação acima da média e seu trunfo está no roteiro escrito pela experiente Leslie Dixon. Ela criou um script repleto de oportunidades para que o espectador imagine o que faria no lugar do personagem. Suas armações para escapar das enrascadas, que se acumulam em série, ganham credibilidade na direção segura de Neil Burger.
        O filme conta a história de Eddie Morra (Bradley Cooper), um pretenso escritor, deprimido e desleixado com a vida, que topa com uma poderosa droga capaz de amplificar sua capacidade intelectual. De comprimido em comprimido, ele vai se tornando um gênio em qualquer assunto que desperte seu interesse. Sua ambição desmedida o leva a tentar enriquecer o mais rapidamente possível e isso só é possível em um lugar: Wall Street! Consegue um emprego com o megainvestidor Carl Van Loon (Robert De Niro) e vê sua conta bancária engordar, enquanto seu relacionamento com a bela Lindy (Abbie Cornish) segue ladeira abaixo. Para complicar, nosso herói se torna também um dependente químico e refém de traficantes e trambiqueiros. Metido em encrencas potencialmente mortais, terá que lidar com sua própria ganância e com a dos poderosos que passam a persegui-lo.
        O roteiro de Leslie Dixon foi baseado no romance The Dark Fields, escrito por Alan Glynn. Foi o primeiro livro desse autor irlandês, posteriormente republicado com o título de Limitless, em razão do estrondoso sucesso comercial do filme. Na adaptação para as telas, a roteirista seguiu uma narrativa simples e linear, mas repleta de charme. Ela trabalhou em estreita colaboração com Alan Glynn, mas precisou incrementar o enredo. Para manter o ritmo ágil que os espectadores exigem – os leitores são mais detalhistas e tendem a se colocar no comando do ritmo – ela criou vários pontos de virada, metendo o personagem em mais enrascadas.
        A linguagem adotada por Neil Burger está ancorada num elaborado discurso visual, repleto de truques gráficos usados com bom gosto e inteligência. Quando o personagem está sob efeito do milagre que lhe remove os limites, as cores se tornam vivas e feéricas, enquanto os cenários, figurinos e objetos de cena se tornam mais limpos e sofisticados. Aos poucos o espectador vai percebendo que o sujeito parvo, com visual relaxado, segue ganhando musculatura intelectual, ousadia, desenvoltura e arrogância.
        O filme Sem Limites traz um tipo da fantasia à qual você se entrega com gosto. Afinal, quem não gostaria de multiplicar a própria inteligência? Seu sucesso rendeu uma série de TV em 2015, produzida pelo próprio Bradley Cooper, mas alcançou o público com um certo desgaste. Apesar de preservar a mesma linguagem visual utilizada pelo diretor Neil Burger no cinema, perdeu em impacto e originalidade.

Resenha crítica do filme Sem Limites

Ano de produção: 2011
Direção: Neil Burger
Roteiro: Leslie Dixon
Elenco: 
Bradley Cooper, Abbie Cornish, Robert De Niro, Anna Friel, Johnny Whitworth, Richard Bekins, Robert John Burke, Tomas Arana, T.V. Carpio, Patricia Kalember, Andrew Howard e Ned Eisenberg

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