Os Imperdoáveis: o melhor filme de Clint Eastwood
Direção: Clint Eastwood
O DIRETOR CERTO PARA FILMAR UM ROTEIRO IMPECÁVEL
Western, bangue-bangue, filme de caubói... Dizem que é um gênero americano por excelência, mas penso nele como universal: um homem, suas crenças e seus valores, que resolve as diferenças com a vida por conta própria. Defende-se do que considera injusto. Age de acordo com o que lhe sussurra a própria consciência. Nada de estado, nada de burocracia, nada de labirintos jurídicos! É claro que a violência ganha espaço nesse tipo de filme e afasta o público mais sensível. Tanto é que, por décadas, o Óscar torceu o nariz para o gênero. Desde que Cimarron ganhou o prêmio de melhor filme em 1931, o próximo western a repetir a façanha foi Dança com Lobos e isso sessenta anos depois, em 1991. Mas então, passados apenas dois anos, vem Clint Eastwood com seu Os Imperdoáveis e arrasa. Sai com quatro estatuetas: melhor filme, melhor diretor, melhor ator coadjuvante – para Gene Hackman – e melhor montagem. Também pudera, é um filme irretocável!
Como cinéfilo desatento a todo filme que não irradiasse intelectualidades – ainda era sisudo compenetrado – só fui me dar conta do imenso talento de Clint Eastwood como contador de histórias depois de assistir a Os Imperdoáveis. De repente, o ator carismático dos filminhos de ação, aos quais assistia apenas por diversão, se agigantou. Lembrava dele nos espaguetes de Sergio Leone e no papel do policial Harry Callaham, em Dirty Harry. Como diretor, gostei do seu trabalho em Josey Wales, o Fora da Lei e depois em Raposa de Fogo, mas jamais dei a devida atenção ao seu talento. Quem diria? O sujeito o tinha de sobra, em profusão suficiente para ter seu nome alçado entre os grandes do cinema!
Como cinéfilo desatento a todo filme que não irradiasse intelectualidades – ainda era sisudo compenetrado – só fui me dar conta do imenso talento de Clint Eastwood como contador de histórias depois de assistir a Os Imperdoáveis. De repente, o ator carismático dos filminhos de ação, aos quais assistia apenas por diversão, se agigantou. Lembrava dele nos espaguetes de Sergio Leone e no papel do policial Harry Callaham, em Dirty Harry. Como diretor, gostei do seu trabalho em Josey Wales, o Fora da Lei e depois em Raposa de Fogo, mas jamais dei a devida atenção ao seu talento. Quem diria? O sujeito o tinha de sobra, em profusão suficiente para ter seu nome alçado entre os grandes do cinema!
Os Imperdoáveis nos conta a história de Willian Munny (Clint Eastwood), um ex-bandoleiro assassino, que se endireitou e largou a bebida depois que casou. Mas agora que ficou viúvo, com dois filhos pequenos, mal consegue tocar a vida no rancho precário onde cria porcos. Um belo dia, recebe a visita de Schofield Kid (Jaimz Woolvett), pistoleiro à procura de um parceiro para executar um assassinato encomendado por um bando de prostitutas. O serviço, em troca de uma boa recompensa, consiste em acabar com a raça de um vaqueiro que desfigurou uma delas. Mummy resolve aceitar o trabalho e convoca Ned Logan (Morgan Freeman), seu vizinho e antigo parceiro. Lá se vão os três, para a matança. Mas a tarefa não será tão simples quanto parece. Acontece que o xerife Little Bill Daggett (Gene Hackman) vai estar no caminho para impedi-los. Além disso, English Bob (Richard Harris), outro pistoleiro implacável, também ficou interessado na recompensa. No fundo, todos os personagens sabem que não há perdão para os que vivem pela violência. Não importa de que lado estão em relação à lei, homens e mulheres que já não têm muito a perder farão o que for preciso, porque... é assim que as coisas são.
Com uma fotografia de encher os olhos, assinada por Jack N. Green, Os Imperdoáveis está à altura dos grandes clássicos do gênero: planos abertos, paisagens deslumbrantes, uma cidade minúscula que não passa de um arremedo de civilização... E uma atmosfera intimista, que ao invés de enaltecer a violência, nos mostra o quanto ela é nefasta. É inegável que a força dramática do filme vem ancorada principalmente no seu elenco impecável, mas é no seu roteiro, escrito pelo experiente David Webb Peoples, que vamos encontrar virtudes em profusão.
O lendário roteirista traz no currículo filmes como Blade Runner – O Caçador de Andróides e Os 12 Macacos. Ele escreveu Os Imperdoáveis em 1976, mas o intitulou como The Cut-Whore Killings, depois alterado para The William Munny Killings. O roteiro foi adquirido por Francis Ford Coppola, que o manteve guardado até o 1980, quando o entregou para Clint Eastwood, mas o diretor demorou anos para lê-lo. É que sua assessora Sonia Chernius leu antes e o classificou como puro lixo... um trabalho inferior! Ainda bem que Clint Eastwood leu e adorou! Adquiriu os direitos junto a Coppola, mas o manteve na gaveta por vários anos, enquanto se dedicava a outras histórias.
Ao arregaçar as mangas para produzir o filme, Clint Eastwood ligou para David Webb Peoples e avisou que faria algumas mudanças no roteiro, mas na medida em que começou a pensar nelas, concluiu que era uma grande tolice: mataria a história com melhorias! Tornou a ligar e avisar que manteria o roteiro original. Apenas mudaria seu título para Os Imperdoáveis. Para nossa felicidade, o diretor compartilhou a mesma visão do roteirista em relação aos pontos fortes da história e tratou de filmar o roteiro original com pouquíssimas alterações.
Forjado nas mãos de um Coppola, esse filme com certeza seria brilhante, mas sob a batuta de Clint Eastwood, Os Imperdoáveis ganhou uma atmosfera mais sombria e passional. O diretor imprimiu seu estilo visceral e trouxe para os sets de filmagem a sua atitude incisiva e sua fluência na linguagem do gênero. Aliás, o diretor tem repetido a dose ano após ano. Assumiu sua persona de cineasta longevo, com mais de 90 anos e em plena atividade, nos presenteando com ótimas produções! Viva o cinema de Clint Eastwood!
O lendário roteirista traz no currículo filmes como Blade Runner – O Caçador de Andróides e Os 12 Macacos. Ele escreveu Os Imperdoáveis em 1976, mas o intitulou como The Cut-Whore Killings, depois alterado para The William Munny Killings. O roteiro foi adquirido por Francis Ford Coppola, que o manteve guardado até o 1980, quando o entregou para Clint Eastwood, mas o diretor demorou anos para lê-lo. É que sua assessora Sonia Chernius leu antes e o classificou como puro lixo... um trabalho inferior! Ainda bem que Clint Eastwood leu e adorou! Adquiriu os direitos junto a Coppola, mas o manteve na gaveta por vários anos, enquanto se dedicava a outras histórias.
Ao arregaçar as mangas para produzir o filme, Clint Eastwood ligou para David Webb Peoples e avisou que faria algumas mudanças no roteiro, mas na medida em que começou a pensar nelas, concluiu que era uma grande tolice: mataria a história com melhorias! Tornou a ligar e avisar que manteria o roteiro original. Apenas mudaria seu título para Os Imperdoáveis. Para nossa felicidade, o diretor compartilhou a mesma visão do roteirista em relação aos pontos fortes da história e tratou de filmar o roteiro original com pouquíssimas alterações.
Forjado nas mãos de um Coppola, esse filme com certeza seria brilhante, mas sob a batuta de Clint Eastwood, Os Imperdoáveis ganhou uma atmosfera mais sombria e passional. O diretor imprimiu seu estilo visceral e trouxe para os sets de filmagem a sua atitude incisiva e sua fluência na linguagem do gênero. Aliás, o diretor tem repetido a dose ano após ano. Assumiu sua persona de cineasta longevo, com mais de 90 anos e em plena atividade, nos presenteando com ótimas produções! Viva o cinema de Clint Eastwood!
Resenha crítica do filme Os Imperdoáveis
Ano de produção: 1992
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: David Peoples
Elenco: Clint Eastwood, Gene Hackman, Morgan Freeman, Richard Harris, Jaimz Woolvett, Saul Rubinek e Frances Fisher.
Outonal
ResponderExcluirNão considero um marco como ressurgimento de um gênero esquecido por Hollywood há décadas
Para mim está muito aquém dos clássicos desse gênero
Penso que Clint segue a linha e formato dos westerns italianos, uma escola. Que na verdade não me agrada.
Interessante o controverso contraste do bem e do mal :
O xerife é um modelo de vida (bandido) e o afamado pistoleiro, desajustado e mal exemplo (mocinho). De resto o roteiro não proporciona o clímax ao meu ver no entrentamento final. Se filmado hoje, colocariam uma mulher protagonista ao lado dele e obrigatoriamente um personagem e ou questão racial no meio. Não sei como independente o velho Clint se renderia a essa onda impositiva e insana sobre a sétima arte como estamos testemunhando, atualmente. Naquele ano, creio que nenhum outro filme teve uma chama diferente quanto ousada. Mereceu Oscar mesmo assim.
Outonal
ResponderExcluirNão considero um marco como ressurgimento de um gênero esquecido por Hollywood há décadas
Para mim está muito aquém dos clássicos desse gênero
Penso que Clint segue a linha e formato dos westerns italianos, uma escola. Que na verdade não me agrada.
Interessante o controverso contraste do bem e do mal :
O xerife é um modelo de vida (bandido) e o afamado pistoleiro, desajustado e mal exemplo (mocinho). De resto o roteiro não proporciona o clímax ao meu ver no entrentamento final. Se filmado hoje, colocariam uma mulher protagonista ao lado dele e obrigatoriamente um personagem e ou questão racial no meio. Não sei como independente o velho Clint se renderia a essa onda impositiva e insana sobre a sétima arte como estamos testemunhando, atualmente. Naquele ano, creio que nenhum outro filme teve uma chama diferente quanto ousada. Mereceu Oscar mesmo assim.