O Quarto de Jack: o amor indestrutível de uma mãe por seu filho
O Quarto de Jack: filme dirigido por Lenny Abrahamson
UMA HISTÓRIA FICTÍCIA, ESCRITA COM IMAGINAÇÃO
A escritora irlandesa-canadense Emma Donoghue é autora de best-sellers, premiada internacionalmente e festejada por uma legião de leitores. Talentosa e dona de uma grande capacidade imaginativa, ela produz romances, contos e peças de teatro. E produz também roteiros de filmes! Antes mesmo de publicar seu romance Quarto, de 2010, ela tratou de escrever uma adaptação paras as telas, que se materializou no filme O Quarto de Jack, dirigido por Lenny Abrahamson em 2015. E, de quebra, obteve uma indicação para o Óscar de melhor roteiro adaptado.
Seu romance alcançou um estrondoso sucesso, ao contar uma história fictícia, mas tão perturbadora e envolvente que irradia verossimilhança. O tema é o amor de uma mãe corajosa para com seu filho indefeso, sua capacidade de superação e sua compreensão da maternidade, que a tornam invencível e indestrutível diante das circunstâncias trágicas em que se encontram. Mantidos em cativeiro há anos, apegaram-se à vida com garra e seguem lutando para conquistar a liberdade.
Ma e Jack são prisioneiros em um minúsculo quarto. Ela foi sequestrada há sete anos e submetida a estupros frequentes pelo Velho Nick, um sujeito monstruoso e abjeto. O garoto nasceu no quarto, que se tornou seu mundo conhecido. Aos cinco anos ele é curioso e inteligente. Aprende tudo o que sua mãe ensina, mas a vida limitada que leva é de dar desespero! Jamais visitou o mundo exterior e só o conhece através de um pequeno aparelho de TV. Seus dias se repetem em mesmice e durante à noite, trancado no guarda-roupa – quando escuta o Velho Nick chegando para visitar sua mãe – a certeza é de que o universo se resume a isso mesmo.
No livro de Emma Donoghue, essa história é contada pelo ponto de vista do garoto inocente. Protegido por sua mãe, que o ama imensamente, ele vai revelando suas descobertas e interpretando a realidade que compõe seu mundo. A autora constrói com habilidade uma narrativa vívida e atenta aos mínimos detalhes, sempre oferecendo o ponto de vista de Jack. O resultado é comovente. No entanto, essa perspectiva é impraticável numa adaptação para o cinema. A autora já estava consciente disso, tanto é que decidiu ela mesma escrever o roteiro.
Com o sucesso editorial de Quarto, Emma Donoghue recebeu ofertas de vários produtores e diretores, interessados na adaptação, mas não entrou em sintonia criativa com nenhum deles. Até que recebeu uma carta de dez páginas enviada pelo diretor irlandês Lenny Abrahamson, explicando suas ideias para a adaptação. A autora gostou e então apresentou o tratamento do roteiro que havia escrito. Em 2012 os dois trabalharam juntos na revisão do roteiro final e Emma Donoghue embarcou no projeto como produtora executiva.
O Quarto de Jack, nascido para as telas, guarda diferenças em relação ao romance, que os leitores logo perceberão. Em primeiro lugar, os personagens ganharam materialidade: Ma é interpretada por Brie Larson e Jack é vivido por Jacob Tremblay. Outro ponto importante é que, para manter o foco na relação entre mãe e filho, a história precisaria ganhar fluência em um espaço narrativo diferente. Apesar de manter o menino no centro do filme, seu ponto de vista não poderia estar o tempo todo na tela.
O diretor Lenny Abrahamson foi competente em lidar com os recursos audiovisuais, para saltar entre o mundo interno do garoto e o mundo interno da mãe com certa sutileza. Evitou copiar os truques de linguagem construídos no livro e preferiu fazer cinema. Criou no mesmo set o mundo habitado por Jack, que ele domina e aprendeu a amar, e também o presídio que sufoca Ma em angústia e desespero. Como resultado, percebemos que em O Quarto de Jack a presença mais forte é da mãe, enquanto que no romance, os holofotes vão para o filho.
Enquanto o diretor mostrou sensibilidade, delicadeza, senso de ritmo e muita habilidade para gerar tensão e suspense, o elenco esbanjou talento. No papel da mãe sequestrada, Brie Larson foi tão visceral que venceu o Oscar de melhor atriz em 2016. Como o garoto de cinco anos, cujo mundo cabia num minúsculo quarto, Jacob Tremblay foi encantador.
Sabiamente, os realizadores não deram o menor espaço para o monstruoso sequestrador. Ele não tem vez nesse filme! Se de um lado somos submetidos a eventos terríveis, que só a maldade humana é capaz de conceber, de outro nos encantamos com a luminosidade de Jack, sua criatividade e sua curiosidade em conhecer o mundo. E como torcemos por ele! Há muita tensão em O Quarto do Jack, mas também há cinema de qualidade. Esse filme é tenso, realista, comovente, poético e imperdível.
Seu romance alcançou um estrondoso sucesso, ao contar uma história fictícia, mas tão perturbadora e envolvente que irradia verossimilhança. O tema é o amor de uma mãe corajosa para com seu filho indefeso, sua capacidade de superação e sua compreensão da maternidade, que a tornam invencível e indestrutível diante das circunstâncias trágicas em que se encontram. Mantidos em cativeiro há anos, apegaram-se à vida com garra e seguem lutando para conquistar a liberdade.
Ma e Jack são prisioneiros em um minúsculo quarto. Ela foi sequestrada há sete anos e submetida a estupros frequentes pelo Velho Nick, um sujeito monstruoso e abjeto. O garoto nasceu no quarto, que se tornou seu mundo conhecido. Aos cinco anos ele é curioso e inteligente. Aprende tudo o que sua mãe ensina, mas a vida limitada que leva é de dar desespero! Jamais visitou o mundo exterior e só o conhece através de um pequeno aparelho de TV. Seus dias se repetem em mesmice e durante à noite, trancado no guarda-roupa – quando escuta o Velho Nick chegando para visitar sua mãe – a certeza é de que o universo se resume a isso mesmo.
No livro de Emma Donoghue, essa história é contada pelo ponto de vista do garoto inocente. Protegido por sua mãe, que o ama imensamente, ele vai revelando suas descobertas e interpretando a realidade que compõe seu mundo. A autora constrói com habilidade uma narrativa vívida e atenta aos mínimos detalhes, sempre oferecendo o ponto de vista de Jack. O resultado é comovente. No entanto, essa perspectiva é impraticável numa adaptação para o cinema. A autora já estava consciente disso, tanto é que decidiu ela mesma escrever o roteiro.
Com o sucesso editorial de Quarto, Emma Donoghue recebeu ofertas de vários produtores e diretores, interessados na adaptação, mas não entrou em sintonia criativa com nenhum deles. Até que recebeu uma carta de dez páginas enviada pelo diretor irlandês Lenny Abrahamson, explicando suas ideias para a adaptação. A autora gostou e então apresentou o tratamento do roteiro que havia escrito. Em 2012 os dois trabalharam juntos na revisão do roteiro final e Emma Donoghue embarcou no projeto como produtora executiva.
O Quarto de Jack, nascido para as telas, guarda diferenças em relação ao romance, que os leitores logo perceberão. Em primeiro lugar, os personagens ganharam materialidade: Ma é interpretada por Brie Larson e Jack é vivido por Jacob Tremblay. Outro ponto importante é que, para manter o foco na relação entre mãe e filho, a história precisaria ganhar fluência em um espaço narrativo diferente. Apesar de manter o menino no centro do filme, seu ponto de vista não poderia estar o tempo todo na tela.
O diretor Lenny Abrahamson foi competente em lidar com os recursos audiovisuais, para saltar entre o mundo interno do garoto e o mundo interno da mãe com certa sutileza. Evitou copiar os truques de linguagem construídos no livro e preferiu fazer cinema. Criou no mesmo set o mundo habitado por Jack, que ele domina e aprendeu a amar, e também o presídio que sufoca Ma em angústia e desespero. Como resultado, percebemos que em O Quarto de Jack a presença mais forte é da mãe, enquanto que no romance, os holofotes vão para o filho.
Enquanto o diretor mostrou sensibilidade, delicadeza, senso de ritmo e muita habilidade para gerar tensão e suspense, o elenco esbanjou talento. No papel da mãe sequestrada, Brie Larson foi tão visceral que venceu o Oscar de melhor atriz em 2016. Como o garoto de cinco anos, cujo mundo cabia num minúsculo quarto, Jacob Tremblay foi encantador.
Sabiamente, os realizadores não deram o menor espaço para o monstruoso sequestrador. Ele não tem vez nesse filme! Se de um lado somos submetidos a eventos terríveis, que só a maldade humana é capaz de conceber, de outro nos encantamos com a luminosidade de Jack, sua criatividade e sua curiosidade em conhecer o mundo. E como torcemos por ele! Há muita tensão em O Quarto do Jack, mas também há cinema de qualidade. Esse filme é tenso, realista, comovente, poético e imperdível.
Resenha crítica do filme O Quarto de Jack
Data de produção: 2015
Título original: Roon
Direção: Lenny Abrahamson
Roteiro: Emma Donoghue
Elenco: Brie Larson, Jacob Tremblay, Joan Allen, William H. Macy, Sean Bridgers, Tom McCamus, Amanda Brugel, Joe Pingue, Cas Anvar, Wendy Crewson e Rodrigo Fernandez-Stoll
Roteiro: Emma Donoghue
Elenco: Brie Larson, Jacob Tremblay, Joan Allen, William H. Macy, Sean Bridgers, Tom McCamus, Amanda Brugel, Joe Pingue, Cas Anvar, Wendy Crewson e Rodrigo Fernandez-Stoll
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