O Resgate do Soldado Ryan: um dos melhores dramas sobre a Segunda Guerra
O Resgate do Soldado Ryan: filme de Steven Spielberg
Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Robert Rodat
Elenco: Tom Hanks, Edward Burns, Tom Sizemore, Matt Damon, Jeremy Davies, Adam Goldberg, Barry Pepper, Giovanni Ribisi, Leland Orser, Vin Diesel, Ted Danson, Paul Giamatti, Dennis Farina, Harve Presnell e Nathan Fillion
TODOS JÁ FOMOS SOLDADOS E LUTAMOS NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Nós, que amamos
cinema, gostamos de colecionar os filmes favoritos. Mas, ao contrário do que
alguns acreditam, dentro daquelas capas plastificadas, enfileiradas na estante
da sala e organizadas por título, gênero, diretor ou ordem de preferência, não
estão guardados DVDs, Blu-rays ou coisa que o valha. O que guardamos ali,
preservadas para a posteridade, são experiências emocionais verdadeiras.
Histórias vividas intensamente, que ganharam relevância para nós em algum momento.
Esse poder de
transmitir conhecimento, emocionar e gerar aprendizado não é exclusividade do
cinema – aliás, é função primária da própria linguagem. Todas as artes
narrativas, desenvolvidas desde os tempos em que rodeávamos fogueiras e
habitávamos cavernas, servem ao propósito de contar histórias, encenando situações,
reais ou imaginárias, de forma a causar reações na audiência. Uma boa história,
além de entreter, nos traz a chance de vivenciar situações que dificilmente
aconteceriam em nossas vidas. E também nos traz a oportunidade de aprender pelo
exemplo.
Não preciso
matar alguém, ser condenado e preso, para saber como é a vida no cárcere. Já
assisti a diversos filmes comoventes sobre o tema e faço uma boa ideia do que
me esperaria. Não preciso me alistar e ser jogado no front, rastejando para me
proteger de bombas errantes e projéteis certeiros para experimentar os horrores
da guerra. Já assisti ao filme O Regate do
Soldado Ryan, dirigido em 1998 por Steven Spielberg e por isso sei dos custos emocionais de uma tal experiência.
Com seus incríveis
recursos técnicos, o cinema amplia o impacto emocional de uma história. Quando
era garoto – tinha uns 15 anos – li o livro O Exorcista, escrito por William Peter Blatty e fiquei empolgado
com a narrativa, que acompanhei por duas semanas, sempre antes de dormir. Não
me faltou coragem. Mas, quando assisti ao filme dirigido por Willian Friedkin e
roteirizado pelo mesmo autor do livro, confesso que fiquei apavorado por duas
semanas, com dificuldades para dormir! É que o cinema conjuga imagem, som,
música, design, interpretação, dramatização, figurinos, maquiagem, efeitos óticos,
efeitos especiais...
Foi assim que
O Resgate do Soldado Ryan nos
colocou na praia de Omaha em pleno dia D e nos fez prender a respiração ao
longo dos seus minutos iniciais. O realismo das cenas, simulando imagens
jornalísticas, causou grande comoção quando o filme foi lançado. Mas,
como estamos falando aqui de um filme dirigido por Steven Spielberg, a crueza
das cenas não redundou numa abordagem documental. Ao contrário, o resultado foi
de uma intensidade dramática poderosa e impactante, irradiada pelo Capitão John
Miller – interpretado por Tom Hanks.
O filme conta
a história de um grupo de soldados comandados pelo Capitão Miller, que sai pelo
interior da França ocupada em busca do soldado do título. Ryan teve três irmãos
mortos em combate e precisa ser devolvido para casa, porque o alto comando decidiu
garantir que sua mãe seja poupada de mais sofrimentos. O que para Miller e seus
soldados começa como uma missão fútil e sem sentido, transforma-se numa questão
de honra e em oportunidade para recobrar alguma dignidade como soldados.
A história
foi criada e roteirizada por Robert Rodat, inspirado por acontecimentos reais
registrados durante a guerra civil americana. O roteirista desenvolveu os
personagens e misturou episódios reais, mas sem se comprometer com a precisão
histórica. Priorizou o efeito dramático e as oportunidades para lidar com
material emocional verossímil, capaz de dar sentido às cenas de batalha. Nas
mãos de um cineasta como Spielberg, a história ganhou contornos dramáticos e se
transformou no retrato preciso de uma realidade que nós, meros espectadores, só
podemos vivenciar no cinema.
Os cuidados
com a produção foram obsessivos. Veículos, tanques, blindados, uniformes,
armas, botas... Tudo foi especialmente fabricado para ser fidedigno. Os efeitos
especiais, os cenários, a grande quantidade de figurantes e sua movimentação em
cena exigiram muita coordenação e precisão técnica. A fotografia, concebida e
dirigida por Janusz Kamiński, trouxe grande realismo para o filme, resgatando
os tons, as luzes e a atmosfera pesada das cenas que nos acostumamos a ver nos
documentários sobre a Segunda Guerra Mundial.
Dizer que
se trata de uma experiência imersiva não me parece um exagero. O Resgate do Soldado Ryan é um drama de
guerra intenso e emocionante, com algumas das cenas de batalha mais bem
executadas da história do cinema. Sua narrativa é simples e linear, mas segue um
roteiro preciso, que traz oportunidades para que os atores trabalhem várias
camadas psicológicas dos seus personagens.
No Óscar, o
filme rendeu a Steven Spielberg a estatueta de melhor diretor e a Janusz
Kaminski a de melhor fotografia. Também levou os prêmios de melhor edição, melhor
edição de som e melhor mixagem de som. Os fãs queriam mais do que óscares
técnicos, porém, ficaram na vontade. Os prêmios de melhor filme e melhor
roteiro foram para Shakespeare Apaixonado.
Resenha crítica do filme O Resgate do Soldado Ryan
Data de produção: 1998Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Robert Rodat
Elenco: Tom Hanks, Edward Burns, Tom Sizemore, Matt Damon, Jeremy Davies, Adam Goldberg, Barry Pepper, Giovanni Ribisi, Leland Orser, Vin Diesel, Ted Danson, Paul Giamatti, Dennis Farina, Harve Presnell e Nathan Fillion
Essa sua crônica me fez lembrar este filme maravilhoso tão vívidamente q trouxe lágrimas aos meus olhos. Amo as suas crônicas!
ResponderExcluirSou muito grato pelo seu comentário. É um estímulo importante para seguir escrevendo! Valeu!
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