Ray: narrativa afiada e talento legítimo, num dos melhores musicais já realizados

Cena do filme Ray
Ray: filme dirigido por Taylor Hackford

O QUE É PRECISO PARA INTERPRETAR UM GÊNIO DA MÚSICA? SER UM BOM MÚSICO!

Poucos artistas no mundo da música ganharam uma cinebiografia tão bela e bem realizada quanto Ray Charles. Em Ray, filme independente de 2004 escrito, dirigido e produzido por Taylor Hackford, a carreira do músico é dramatizada com notável sensibilidade artística e competência técnica. Os méritos, em primeiro lugar, são do diretor, que lutou por 15 anos para conseguir financiar seu projeto, já que todos os estúdios se recusaram a fazê-lo. A ideia parecia mais talhada para a televisão e a indústria achava difícil fazê-lo chegar às telas dos cinemas.
        Hackford apostou na qualidade narrativa de sua história, pois ela alcança não apenas os fãs de Ray Charles, mas também o público em geral, que desconhece alguns detalhes surpreendentes sobre a vida do artista. De fato, o que acompanhamos em Ray são dramas e personagens mais comumente encontrados nas obras de ficção. O diretor desenvolveu a estrutura da história e encontrou o melhor conceito para contá-la, mesclando espetáculo musical e dramatizações. Depois disso, envolveu Jimmy White para escrever o roteiro a ser filmado.



        Ray cobre toda a vida de Ray Charles, desde sua infância numa comunidade pobre no norte da Flórida até o topo da sua carreira de artista consagrado. Descobrimos como ele ficou cego aos sete anos, como se envolveu como músico encarando a poeira das estradas, como encontrou a sua personalidade musical, construiu sua família, subiu todos os degraus até o estrelato e despencou, vitimado pelo uso de drogas.
        Mas quando se fala no filme Ray, é imprescindível dedicar demorados aplausos a Jamie Foxx. Além de ator carismático, fisicamente parecido com seu personagem, ele é um exímio pianista e executou ele mesmo todas as músicas durante as gravações. O ator começou a tocar piano aos três anos e chegou à faculdade com uma bolsa de estudos do instrumento. Nas telas, encarnou Ray Charles com impressionante verossimilhança. Foi assim que ganhou o Óscar de melhor ator em 2005 – e o filme também saiu com a estatueta de melhor mixagem de som.
        Finalmente, é preciso mencionar os méritos do próprio Ray Charles, um grande artista que viveu uma vida atribulada. Quando chegamos aos créditos finais de Ray, só pensamos em continuar ouvindo os sucessos que ele nos deixou. Então, aos poucos, vamos nos dando conta de que assistimos a um dos melhores filmes do gênero musical. Uma produção independente de qualidade, que merece ser revisitada periodicamente.

Resenha crítica do filme Ray

Data de produção: 2004
Direção: Taylor Hackford
Roteiro: Taylor Hackford e James L. White
Elenco: Jamie Foxx, Kerry Washington, Regina King, Clifton Powell e C.J. Sanders

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