Get on Up - A História de James Brown: uma das melhores cinebiografias musicais
Get on Up - A História de James Brown: Filme dirigido por Tate Taylor
NÃO PRECISA SER FÃ DE CARTEIRINHA PARA EMBARCAR NESSA HISTÓRIA
Ah, as cinebiografias musicais! Formam um gênero complexo, que vem sendo cultivado em larga escala pela indústria do cinema. Todo cantor, compositor ou músico de sucesso precisa ter a sua. É uma oportunidade para polir a imagem do biografado, corrigir defeitos e enaltecer qualidades. Isso tudo enquanto se tenta não decepcionar as legiões de fãs e alcançar novas faixas de público. O objetivo, no final das contas, é perpetuar o sucesso do artista para... vender mais!
Acontece que realizar uma cinebiografia assim não é empreendimento fácil. Ao contrário, as dificuldades são imensas: repetir na tela a mesma performance artística do biografado, lidar com as exigências dos fás, definir uma narrativa que permita combinar dramatizações com apresentações musicais, recrutar um ator que possa ser identificado com o personagem e que tenha recursos técnicos para cantar, dançar e representar... Mas a grande dificuldade deve ser a de estabelecer o roteiro final. A quantidade de dedos que são postos num texto desses é enorme: produtores, familiares, detentores dos direitos autorais, investidores, marqueteiros... Pobres dos roteiristas!
Foi considerando esses pontos que comecei a assistir ao filme Get on Up - A História de James Brown, de 2014, dirigido por Tate Taylor. E devo dizer: os realizadores se saíram muito bem! O filme é ótimo. Por quase duas horas e vinte minutos acompanhei hipnotizado a turbulenta história de um dos maiores nomes da música mundial. No final, bati o martelo: trata-se de uma das melhores cinebiografias musicais que já assisti.
Mas antes que o leitor se agite na cadeira e pense em retrucar, peço mais uma chance para expor meus motivos. Sei que James Brown é um personagem controverso e está longe de ser uma unanimidade. Há os que o amam incondicionalmente, os que o odeiam com veemência e os que o ignoram. Quanto à sua música, ninguém passa impune por ela. Sua obra influenciou gerações de artistas, que se deliciaram numa fonte inesgotável de ritmo e musicalidade.
A crítica especializada “desceu a lenha” no filme, acusando-o de ser superficial e disperso, longe de conseguir desenhar um retrato preciso e contundente do Padrinho do Soul. Alegam que sua história veio cheia de lacunas, mostrando um James Brown desconectado da sua verdadeira importância para o mundo da música. Bem, como apreciador desapaixonado, detentor de poucas informações sobre a vida do personagem, prefiro que deter apenas aos aspectos cinematográficos da obra.
Em primeiro lugar, o que faz de Get on Up - A História de James Brown um grande filme é seu roteiro bem escrito. Jez Butterworth e John-Henry Butterworth criaram uma peça não linear, intercalando com grande habilidade as diversas cenas do filme, de modo a conseguir um envolvimento gradual do espectador. Num momento, a arrogância e a imensa autoestima do personagem chegam a ser irritantes, no outro, ficamos penalizados diante de tamanha fragilidade e imaturidade. Em diversos momentos, o personagem fala diretamente ao espectador, assumindo um tom confessional. Não há como ter empatia com um personagem explosivo e por vezes violento, mas é possível compreendê-lo. O roteiro obriga James Brown a olhar nos nossos olhos e se expor por inteiro.
Tendo um ótimo roteiro nas mãos, o diretor Tate Taylor, que já havia realizado Histórias Cruzadas em 2011, fez seu trabalho com segurança e desenvoltura. Suas lentes ficam o tempo todo voltadas para os personagens e seus dramas. As passagens musicais fluem de forma orgânica, seguindo um andamento natural, como consequência da ação. Não houve a preocupação de fazer um registro histórico dos sucessos de James Brown – ao contrário do que vemos em outras cinebiografias, onde a história segue linear, pontuada pelas canções que já estão na memória do público. Talvez isso tenha irritado aqueles que esperavam mais música e menos drama.
Agora, é preciso falar de Chadwick Boseman, o ator que encarna James Brow. Sua performance é arrebatadora! Seu desempenho no palco, dançando e até cantando algumas canções, tornou-se a grande força artística do filme. O ator correspondeu às exigências dramáticas e conseguiu uma ótima caracterização em todas as fases da vida de James Brown. A infância do cantor foi retratada pelos garotos Jamarion e Jordan Scott, irmãos gêmeos que se revezaram nos sets de filmagem em cenas de cortar o coração. Além de um grande e talentoso elenco, a produção conta ainda com as presenças de Dan Aykroyd, Octavia Spencer e Viola Davis, que brilha fulgurante no papel da mãe de James Brow, em cenas muito bem construídas.
Acontece que realizar uma cinebiografia assim não é empreendimento fácil. Ao contrário, as dificuldades são imensas: repetir na tela a mesma performance artística do biografado, lidar com as exigências dos fás, definir uma narrativa que permita combinar dramatizações com apresentações musicais, recrutar um ator que possa ser identificado com o personagem e que tenha recursos técnicos para cantar, dançar e representar... Mas a grande dificuldade deve ser a de estabelecer o roteiro final. A quantidade de dedos que são postos num texto desses é enorme: produtores, familiares, detentores dos direitos autorais, investidores, marqueteiros... Pobres dos roteiristas!
Foi considerando esses pontos que comecei a assistir ao filme Get on Up - A História de James Brown, de 2014, dirigido por Tate Taylor. E devo dizer: os realizadores se saíram muito bem! O filme é ótimo. Por quase duas horas e vinte minutos acompanhei hipnotizado a turbulenta história de um dos maiores nomes da música mundial. No final, bati o martelo: trata-se de uma das melhores cinebiografias musicais que já assisti.
Mas antes que o leitor se agite na cadeira e pense em retrucar, peço mais uma chance para expor meus motivos. Sei que James Brown é um personagem controverso e está longe de ser uma unanimidade. Há os que o amam incondicionalmente, os que o odeiam com veemência e os que o ignoram. Quanto à sua música, ninguém passa impune por ela. Sua obra influenciou gerações de artistas, que se deliciaram numa fonte inesgotável de ritmo e musicalidade.
A crítica especializada “desceu a lenha” no filme, acusando-o de ser superficial e disperso, longe de conseguir desenhar um retrato preciso e contundente do Padrinho do Soul. Alegam que sua história veio cheia de lacunas, mostrando um James Brown desconectado da sua verdadeira importância para o mundo da música. Bem, como apreciador desapaixonado, detentor de poucas informações sobre a vida do personagem, prefiro que deter apenas aos aspectos cinematográficos da obra.
Em primeiro lugar, o que faz de Get on Up - A História de James Brown um grande filme é seu roteiro bem escrito. Jez Butterworth e John-Henry Butterworth criaram uma peça não linear, intercalando com grande habilidade as diversas cenas do filme, de modo a conseguir um envolvimento gradual do espectador. Num momento, a arrogância e a imensa autoestima do personagem chegam a ser irritantes, no outro, ficamos penalizados diante de tamanha fragilidade e imaturidade. Em diversos momentos, o personagem fala diretamente ao espectador, assumindo um tom confessional. Não há como ter empatia com um personagem explosivo e por vezes violento, mas é possível compreendê-lo. O roteiro obriga James Brown a olhar nos nossos olhos e se expor por inteiro.
Tendo um ótimo roteiro nas mãos, o diretor Tate Taylor, que já havia realizado Histórias Cruzadas em 2011, fez seu trabalho com segurança e desenvoltura. Suas lentes ficam o tempo todo voltadas para os personagens e seus dramas. As passagens musicais fluem de forma orgânica, seguindo um andamento natural, como consequência da ação. Não houve a preocupação de fazer um registro histórico dos sucessos de James Brown – ao contrário do que vemos em outras cinebiografias, onde a história segue linear, pontuada pelas canções que já estão na memória do público. Talvez isso tenha irritado aqueles que esperavam mais música e menos drama.
Agora, é preciso falar de Chadwick Boseman, o ator que encarna James Brow. Sua performance é arrebatadora! Seu desempenho no palco, dançando e até cantando algumas canções, tornou-se a grande força artística do filme. O ator correspondeu às exigências dramáticas e conseguiu uma ótima caracterização em todas as fases da vida de James Brown. A infância do cantor foi retratada pelos garotos Jamarion e Jordan Scott, irmãos gêmeos que se revezaram nos sets de filmagem em cenas de cortar o coração. Além de um grande e talentoso elenco, a produção conta ainda com as presenças de Dan Aykroyd, Octavia Spencer e Viola Davis, que brilha fulgurante no papel da mãe de James Brow, em cenas muito bem construídas.
Enfim, Get on Up - A História de James Brown é um filme salpicado de cenas concisas e objetivas, ora com textos certeiros, ora silenciosas, recheadas de talento artístico e embaladas por uma trilha sonora irresistível. Talvez um especialista em James Brown consiga listar pontos negativos da produção, mas é bom ir lembrando desde já: uma cinebiografia como essa não é feita para os especialistas. É feita para quem gosta de assistir a uma boa história bem contada.
Resenha crítica do filme Get on Up - A História de James Brown
Ano de produção: 2014
Direção: Tate Taylor
Roteiro: Jez Butterworth e John-Henry Butterworth
Elenco: Chadwick Boseman, Nelsan Ellis, Dan Aykroyd, Viola Davis, Keith Robinson e Octavia Spencer
Maria de lourdes lima belik . Esse filme além de ser muito bom, me impressionou muito nas cenas da infância do James. Quando penso no filme, lembro imediatamente da bofetada que ele dá em sua mulher. Concordo total com você qdo fala sobre a arrogância e auto-estima porém faltou mencionar o machismo que com certeza aprendeu com seu truculento pai.
ResponderExcluirSim... O machismo é o lado deplorável do James Brown. Foi minimizado no filme e talvez por isso muita gente tenha torcido o nariz para o filme.
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