O Dia do Atentado: história real do ataque à maratona de Boston

O O Dia do Atentado: filme dirigido por Peter Berg

UMA COMUNIDADE UNIDA EM RESPOSTA AOS CRIMINOSOS TERRORISTAS

O mundo viu pela TV: duas bombas caseiras, feitas com panelas de pressão recheadas de pregos, explodiram na manhã do dia 15 de abril de 2013, durante a Maratona de Boston. O atentado terrorista matou três pessoas – entre elas um garoto de oito anos – e feriu outras 264. Os terroristas eram extremistas islâmicos chechenos, os irmãos Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev, que foram rapidamente identificados pelo FBI a partir de vídeos de vigilância. A cidade inteira se uniu para caçar a dupla de criminosos abomináveis – escrotos, para ser mais exato e chulo! Um deles foi morto num tiroteio e o outro foi preso, levado a julgamento e condenado à morte por injeção letal.
        As imagens das explosões durante um evento tão pacífico e recheado de afetividade chocaram o mundo. A imprensa rapidamente cobriu todos os fatos em suas minúcias, mas não foi o suficiente. Essa história merecia ser contada com recursos narrativos que fossem além da abordagem midiática. Precisava virar filme! Hollywood iniciou vários projetos simultaneamente. Um deles, baseado no livro Boston Strong, escrito por Casey Sherman e Dave Wedge, foi roteirizado por Joshua Zetumer. Um outro, chamado Patriots Day, foi escrito por Matt Charman. Ambos os projetos foram fundidos e a escrita do roteiro final ficou a cargo de Joshua Zetumer – que já havia trabalhado no roteiro do remake de Robocop.
        Correndo contra o relógio, o roteirista vasculhou a internet e compilou a abordagem da mídia. Depois, para estruturar a narrativa, conseguiu acesso ao FBI e entrevistou vários agentes envolvidos no caso. Também ouviu a polícia de Boston, que tinha uma perspectiva diferente sobre como chegar aos autores do atentado. Zetumer também conversou com diversos sobreviventes e coletou inúmeras histórias emocionantes, que falavam de superação, resiliência, solidariedade e atos de heroísmo.
        Durante a escrita do roteiro, Joshua Zetumer ainda teve a oportunidade de acompanhar o julgamento de Dzhokhar Tsarnaev e conseguiu acesso à enorme quantidade de evidências anexadas ao processo, de vídeos feitos com celulares a provas recolhidas no apartamento e nos carros usados pelos terroristas. Conseguiu criar um quadro minucioso de todos os acontecimentos, desde os preparativos do atentado até a conclusão do caso, com a justiça sendo feita.
        O filme O Dia do Atentado foi finalmente realizado em 2016, dirigido por Peter Berg, um craque dos filmes de ação, que tem no currículo filmes como O Reino, Hancock, Horizonte Profundo e 22 Milhas. Logo de início o filme apresenta personagens comuns, que normalmente não encontramos num thriller ação. Depois nos mostra os terroristas entretidos com os preparativos do atentado. A atenção do espectador – e a tensão – é toda para o momento das explosões, recriadas na tela com perfeição. A partir daí vemos o sargento da polícia de Boston, Tommy Saunders (Mark Wahlberg), envolvendo-se com as investigações do FBI, comandadas pelo agente Richard Deslauries (Kevin Bacon). O comissário da polícia, o prefeito, o governador, o presidente e toda a cidade de Boston viram personagens, dedicados a identificar, localizar e neutralizar os terroristas, para evitar novos atentados.
        O Dia do Atentado é um filme sobre como uma comunidade unida encontrou meios de dar uma resposta à altura aos criminosos que ousaram feri-la. Sem meias palavras, mostra quem está do lado do bem e quem joga no time do mal. Deixa claro para quem devemos torcer e escancara o mau-caratismo dos fundamentalistas islâmicos, que chafurdam em hipocrisia ao se lambuzarem com as benesses da cultura ocidental, enquanto nos rotulam de imorais e infiéis.
        Peter Berg, como é do seu estilo, conta essa história com agilidade e sem firulas. As cenas de ação são filmadas com competência, com a câmera na mão, para comunicar tensão e nervosismo. O diretor também faz uso de imagens do noticiário e das câmeras de vigilância, que trazem uma atmosfera realista de documentário. Tudo é mostrado de forma linear: as ações e reações dos terroristas, o drama humano dos inocentes vitimados, o esforço das autoridades atordoadas e empenhadas em cumprir seu dever... Nas mãos de outro diretor, mais vocacionado para desvendar as camadas psicológicas dos personagens, uma tal história já renderia um filme tenso e emotivo. Nas mãos de Peter Berg ela foi lavada além, virou um thriller repleto de ação e suspense.
        Em O Dia do Atentado, vamos encontrar diversos personagens reais, mas também outros inventados, que facilitam a dramatização de fatos narrados de forma fragmentada na imprensa. O personagem de Mark Wahlberg, inclusive, é um composto baseado em várias pessoas, heróis anônimos que tiveram participação direta nos eventos. A parceria do ator com Peter Berg, aliás, vem rendendo vários filmes de ação com sucesso de público. Aqui o diretor mostra que é especialista em contar histórias baseadas em fatos, mas sem exagerar na ação desenfreada. Já o ator, esse sempre convence nos papéis que desempenha.
        É preciso ressaltar as ótimas atuações de Alex Wolff, J. K. Simmons, John Goodman, Kevin Bacon e Michelle Monaghan, que conseguiram nos dar uma visão crível do que foi a caçada aos terroristas e ressaltou o tamanho do impacto emocional que os eventos tiveram sobre a cidade e sobre os americanos. Vale a pena conferir!

Resenha crítica do filme O Dia do Atentado

Data de produção: 2016

Título original: Patriots Day

Título em Portugal: Patriots Day - Unidos por Boston

Direção: Peter Berg
Roteiro: Peter Berg, Matt Cook e Joshua Zetumer

Elenco: Mark Wahlberg, Kevin Bacon, John Goodman, J. K. Simmons, Michelle Monaghan, Alex Wolff, Themo Melikidze, James Colby, Michael Beach, Rachel Brosnahan, Christopher O'Shea, Jake Picking, Jimmy O. Yang, Vincent Curatola, Melissa Benoist, Khandi Alexander e Adam Trese