Menina de Ouro: a história de Maggie Fitzgerald é real?
Menina de Ouro: filme de Clint Eastwood
UMA HISTÓRIA FICTÍCIA E VEROSSÍMIL!
Cá entre nós, o mundo do boxe é para poucos. Há uma imensa fatia de público que considera o esporte muito violento e prefere buscar divertimento em outras modalidades. E o que dizer, então, do boxe feminino? Ah, esse é para muito poucos! Só ganha visibilidade na mídia durante as Olimpíadas, quando golpes polêmicos podem ser desferidos contra as mulheres, em nome de uma ideologia identitária destrambelhada, que militantes barulhentos tentam nos empurrar goela abaixo.Agora, deixe-me continuar com a provocação: pense num filme que visita esse território árido do boxe feminino e ainda por cima flagra seus habitantes nos momentos de maior sofrimento e tristeza. Minha aposta era que um tema tão pesado apenas afugentaria o público. Limitaria ainda mais o tamanho da audiência. No entanto, Menina de Ouro, filme de 2004 dirigido por Clint Eastwood, veio para mostrar o quanto estava enganado! O filme conseguiu o improvável: saiu-se bem nas bilheterias, conquistou prêmios e se tornou uma das melhores realizações do diretor. O motivo? Nos trouxe uma história verossímil, ainda que fictícia, costurada com sólidos elementos dramáticos e focada no arco de transformação dos seus personagens.
O tema principal de Menina de Ouro é a busca por uma segunda chance na vida. É sobre como as pessoas se agarram às oportunidades de um novo recomeço, mas não estão preparadas para as desilusões, ainda que elas sejam prováveis. Todos os personagens se embriagam de esperança e vivem tudo o que podem, antes que venha a ressaca. O enredo fala de, amizade, confiança e paixão pelo esporte, mas não poupa golpes no estômago do espectador.
Menina de Ouro conta a história de Frankie Dunn (Clint Eastwood), um velho treinador de boxe que já conheceu momentos de glória, mas agora vive do que ganha com os poucos frequentadores do seu ginásio. Solitário, afastado da única filha por desavenças, convive apenas com o velho amigo Eddie Scrap (Morgan Freeman), um ex-lutador que emprega como zelador. Quando Maggie Fitzgerald (Hilary Swank), uma garota pobre e solitária aparece para treinar, Frankie não vê nela nenhum motivo para sair do buraco onde está entocado. Porém, quando descobre que a menina tem na cabeça uma única ideia fixa, a de vencer, o velho treinador se dispõe a ensiná-la. A soma das duas solidões resulta numa parceria sólida. Ela é sua segunda chance para reviver os tempos de glória e descobrir como é que se relaciona de verdade com uma filha. Ele é a segunda chance da garota de ouro, para desenvolver seus talentos e lutar pelo que deseja, só que dessa vez ao lado de gente que acredita nela e reconhece seus esforços. E como essa dupla vai longe!
Menina de Ouro nasceu porque o roteirista canadense Paul Haggis descobriu uma coleção inédita de contos intitulada Rope Burns: Stories from the Corner, escritos por F.X. Toole, pseudônimo do septuagenário empresário de lutas Jerry Boyd. Haggis se inspirou no conto Million $$$ Baby para desenvolver seu roteiro, mas isso exigiu mais do que uma mera adaptação. Tudo o que havia no texto original era o relacionamento entre Frankie e Maggie e a narrativa da trajetória que percorreram. Haggis então criou o personagem Scrap, dotou Frankie de uma forte crença no catolicismo e deu a ele um relacionamento conturbado com a filha afastada. Ou seja, enriqueceu a história com elementos dramáticos, que expuseram as decisões emocionais dos personagens e trouxeram profundidade, para que pudessem ganhar vida nas telas.
Menina de Ouro nasceu porque o roteirista canadense Paul Haggis descobriu uma coleção inédita de contos intitulada Rope Burns: Stories from the Corner, escritos por F.X. Toole, pseudônimo do septuagenário empresário de lutas Jerry Boyd. Haggis se inspirou no conto Million $$$ Baby para desenvolver seu roteiro, mas isso exigiu mais do que uma mera adaptação. Tudo o que havia no texto original era o relacionamento entre Frankie e Maggie e a narrativa da trajetória que percorreram. Haggis então criou o personagem Scrap, dotou Frankie de uma forte crença no catolicismo e deu a ele um relacionamento conturbado com a filha afastada. Ou seja, enriqueceu a história com elementos dramáticos, que expuseram as decisões emocionais dos personagens e trouxeram profundidade, para que pudessem ganhar vida nas telas.
Levou quatro anos, mas quando o roteiro chegou às mãos de Clint Eastwood, Paul Haggis teve uma grata surpresa: o cineasta não só decidiu dirigir o filme como achou por bem estrelá-lo. Alegou que, na sua idade, encontrar um papel assim, sob medida, não é fácil. A decisão foi acertada! Valeu os Óscares de melhor filme, melhor diretor, melhor atriz para Hilary Swank e melhor ator coadjuvante para Morgan Freeman. Paul Haggis foi indicado na categoria de melhor roteiro adaptado, mas não levou. Porém, no ano seguinte, lá estava ele novamente entre os melhores. Venceu o Óscar de melhor roteiro original por Crash - No Limite.
Menina de Ouro é um filme triste, mas verdadeiro. Clint Eastwood aproveitou todos os ganchos dramáticos e nos entregou uma atuação sólida. Hilary Swank e Morgan Freeman, bem... não foi à toa que levaram seus óscares para casa. Quanto a nós, os espectadores, depois de passar o filme inteiro com a incômoda sensação de que a vida dos personagens mudará para sempre a qualquer momento, também deixamos a sala de cinema transformados. Que grande filme!
Resenha crítica do filme Menina de Ouro
Data de produção: 2004
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Paul Haggis
Elenco: Clint Eastwood, Hilary Swank, Morgan Freeman, Mike Colter, Jay Baruchel, Brian F. O'Byrne, Anthony Mackie, Margo Martindale, Michael Peña, Ned Eisenberg, Riki Lindhome, Marcus Shait, Tom McCleister e Erica Grant
Direção: Clint Eastwood
Roteiro: Paul Haggis
Elenco: Clint Eastwood, Hilary Swank, Morgan Freeman, Mike Colter, Jay Baruchel, Brian F. O'Byrne, Anthony Mackie, Margo Martindale, Michael Peña, Ned Eisenberg, Riki Lindhome, Marcus Shait, Tom McCleister e Erica Grant
Belo texto, sobre o filme e os envolvidos no mesmo! Gosto desse Filme! E ... Parabéns 🎉 Feliz Aniversário 🎂❗
ResponderExcluirAh, Fátima, muitíssimo obrigado! Também gosto demais desse filme, apesar de tristíssimo.
ExcluirExcelente avaliação e crítica
ResponderExcluirMuito obrigado!!!
ExcluirMaravilhoso, já assisti mais de uma vez. Belo texto!
ResponderExcluirAh, muito obrigado pelo feedback!
ExcluirBoa crítica. Mas é um dos raios filmes do Clint que assisti uma vez só. É dolorido demais.
ResponderExcluirAh, é triste demais!! Já revisitei o filme, mas tratei de prestar atenção mais no cinema do que nos ganchos emocionais, mesmo assim saí com escoriações.
ExcluirRaros
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