O Escafandro e a Borboleta: uma história real de superação
O Escafandro e a Borboleta: filme dirigido por Julian Schnabel
Direção: Julian Schnabel
Roteiro: Ronald Harwood
Elenco: Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze, Anne Consigny, Patrick Chesnais, Niels Arestrup, Olatz Lopez Garmendia, Jean-Pierre Cassel, Marina Hands, Max von Sydow, Isaach de Bankolé, Emma de Caunes, Jean-Philippe Ecoffey, Gérard Watkins, Nicolas Le Riche, François Delaive, Anne Alvaro, Françoise Lebrun, Zinedine Soualem, Agathe de La Fontaine, Franck Victor, Laure de Clermont, Théo Sampaio, Fiorella Campanella, Michael Wincott, Jean-Baptiste Mondino, Lenny Kravitz, Farida Khelfa
SÓ O CINEMA, COM SEU PODER DE COMUNICAÇÃO, PARA FALAR DA... FALTA DE COMUNICAÇAO!
Num momento, Jean-Dominique Bauby estava no topo da carreira, vivendo intensamente o glamouroso mundo da moda. No outro, viu-se confinado consigo mesmo num corpo fulminado pelo AVC. Para contar essa história verídica, o diretor Julian Schnabel encontrou uma estética criativa e poética, seguindo um roteiro primoroso de Sir Ronald Harwood. O Escafandro e a Borboleta, de 2007, é um drama de superação, onde o ator Mathieu Amalric faz mágica.
A história se passa em 1995. Um acidente vascular cerebral vitimou Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric) e o fez experimentar a rara síndrome do encarceramento. Consciente, confrontado primeiro com seus medos e raivas e depois com suas culpas e arrependimentos, descobriu que jamais poderia se comunicar novamente com o mundo. Justo ele que era editor chefe da revista Elle, que experimentara a fama e o poder, que tinha ainda tanto por conquistar... Tudo o que lhe restou foi um olho, através do qual só conseguia enxergar sua própria penúria – e que acabou se transformando na ferramenta de comunicação para escrever sua autobiografia. Para contar essa história trágica, o diretor Julian Schnabel se vale de uma linguagem intensa e emocional. Faz o espectador experimentar a sensação claustrofóbica de estar no corpo inerte do protagonista, mas também o faz enxergá-lo de fora, na medida em que vai revelando sua condição e sua personalidade. Dois recursos foram imprescindíveis nessa empreitada cinematográfica.
Primeiro, o roteiro preciso escrito por Ronald Harwood – autor de talento que também assinou o roteiro de O Pianista. O uso da câmera subjetiva, aos poucos substituída por planos cada vez mais reveladores e desconcertantes – sempre intercalados por flashbacks e outras construções mentais – é planejado com critério e sensibilidade, para gotejar aos poucos os acontecimentos que vão nos dando o sentido da história e revelando quem é o personagem. O outro recurso usado com habilidade é a fotografia luminosa e sempre reveladora construída por Janusz Kaminski, o experiente colaborador de Steven Spielberg, que já ganhou dois óscares de Melhor Fotografia, um por A Lista de Schindler e outro por O Resgate do Soldado Ryan.
O talento de Julian Schnabel na direção de O Escafandro e a Borbolerta é inquestionável. Por esse filme ele recebeu o prêmio de direção no Festival de Cannes de 2008. Mathieu Amalric, que interpreta o protagonista valendo-se de pouquíssimos recursos dramáticos, também precisa ser mencionado – junto com todo o competente elenco, é claro.
Porém, assistindo a esse filme, o que me veio à memória foi uma outra produção, talvez mais perturbadora e trágica: o filme Johnny Vai à Guerra, de 1971 escrito e dirigido por Dalton Trumbo. Lá o protagonista passa por uma situação similar, mas a visão amarga e pessimista do diretor nos alcança como um soco no estômago. Mas essa já é outra história...
Primeiro, o roteiro preciso escrito por Ronald Harwood – autor de talento que também assinou o roteiro de O Pianista. O uso da câmera subjetiva, aos poucos substituída por planos cada vez mais reveladores e desconcertantes – sempre intercalados por flashbacks e outras construções mentais – é planejado com critério e sensibilidade, para gotejar aos poucos os acontecimentos que vão nos dando o sentido da história e revelando quem é o personagem. O outro recurso usado com habilidade é a fotografia luminosa e sempre reveladora construída por Janusz Kaminski, o experiente colaborador de Steven Spielberg, que já ganhou dois óscares de Melhor Fotografia, um por A Lista de Schindler e outro por O Resgate do Soldado Ryan.
O talento de Julian Schnabel na direção de O Escafandro e a Borbolerta é inquestionável. Por esse filme ele recebeu o prêmio de direção no Festival de Cannes de 2008. Mathieu Amalric, que interpreta o protagonista valendo-se de pouquíssimos recursos dramáticos, também precisa ser mencionado – junto com todo o competente elenco, é claro.
Porém, assistindo a esse filme, o que me veio à memória foi uma outra produção, talvez mais perturbadora e trágica: o filme Johnny Vai à Guerra, de 1971 escrito e dirigido por Dalton Trumbo. Lá o protagonista passa por uma situação similar, mas a visão amarga e pessimista do diretor nos alcança como um soco no estômago. Mas essa já é outra história...
Resenha crítica do filme O Escafandro e a Borboleta
Ano de produção: 2007Direção: Julian Schnabel
Roteiro: Ronald Harwood
Elenco: Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze, Anne Consigny, Patrick Chesnais, Niels Arestrup, Olatz Lopez Garmendia, Jean-Pierre Cassel, Marina Hands, Max von Sydow, Isaach de Bankolé, Emma de Caunes, Jean-Philippe Ecoffey, Gérard Watkins, Nicolas Le Riche, François Delaive, Anne Alvaro, Françoise Lebrun, Zinedine Soualem, Agathe de La Fontaine, Franck Victor, Laure de Clermont, Théo Sampaio, Fiorella Campanella, Michael Wincott, Jean-Baptiste Mondino, Lenny Kravitz, Farida Khelfa
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