Gênio Indomável: a história de Will Hunting é real?

Cena do filme Gênio Indomável
Gênio Indomável: filme dirigido por Gus Van Sant

UM GÊNIO E UM TERAPEUTA, DESENHADOS CONFORME O IMAGINÁRIO POPULAR

Há filmes que conseguem extrapolar o espaço do écran e se agigantam no imaginário do público. Gênio Indomável, filme de 1997 dirigido por Gus Van Sant é um deles. Ao nos trazer uma ótima história fictícia, emocionante e edificante, fez brilhar na indústria do cinema os nomes de Matt Damon e Ben Affleck, os dois autores do roteiro que viriam a se tornar grandes estrelas de Hollywood. Eram tão jovens – vinte e poucos anos – mas escreveram o roteiro e  conseguiram vendê-lo para um grande estúdio. Emplacaram um sucesso retumbante! Poucos realizaram tal façanha: Peter Fonda fez isso com Sem Destino e Sylvester Stallone com Rocky: Um Lutador. Mas Matt Damon e Ben Affleck ficaram com o Óscar de melhor roteiro original.
        O filme Gênio Indomável é sobre Will Hunting (Matt Damon), um rapaz de Boston com um passado traumático, que desenvolveu um complicado mecanismo de autodefesa: vive se envolvendo em encrencas com a lei e sabotando suas chances de ter sucesso em seus relacionamentos amorosos. Convive com um bando de amigos problemáticos, liderados por Chuckie Sullivan (Ben Affleck) e trabalha como faxineiro na universidade. Acontece que Will tem QI de gênio, como acaba descobrindo o professor de matemática Gerald Lambeau (Stellan Skarsgård), que o flagra resolvendo o difícil problema deixado no quadro-negro como desafio para seus alunos. Quando Will agride um policial e vai parar na cadeia, é Lambeau quem consegue livrá-lo, sob a promessa de que o tal gênio indomável estudará sob sua tutela. Mas a lei exige mais: o rapaz deve fazer terapia. O problema é que nenhum terapeuta consegue sucesso com um paciente tão inteligente e manipulador. É quando entra em cena o Dr. Sean Maguire (Robin Willians), um professor de psicologia de mentalidade aberta, que vai encarar o desafio. Só que para isso, médico e paciente precisarão estabelecer laços emocionais profundos, num processo terapêutico que pode facilmente sair do controle.


        O roteiro escrito por Matt Damon e Ben Affleck é simples e eficiente, ao contar a história de forma romanceada e sentimental. Faz um retrato falado do protagonista, seguindo a descrição ditada pelo senso comum de como um gênio provavelmente age e se comporta. Faz o mesmo com o personagem do terapeuta, que conduz tratamentos heterodoxos sem se importar com a verossimilhança. Porém, apesar de se manter ao nível dos clichês, o filme consegue emocionar e envolver o espectador com uma certa aura de credibilidade.
        Matt Damon conta que o processo de escrever em parceria com Bem Affleck foi longo e trabalhoso. A estrutura narrativa ganhou corpo na medida em que iam tentando viabilizar a realização do filme. A grande motivação de ambos era escrever papeis nos quais pudessem se encaixar como atores. Se espelharam na experiência de Quentin Tarantino ao escrever seu primeiro filme, Cães de Aluguel. A mitologia que circulava em Hollywood dizia que quando Harvey Keitel, um ator de prestígio, embarcou no projeto, Tarantino finalmente conseguiu viabilizar a produção e se tornou um cineasta. Damon e Affleck trataram então de escrever o papel do terapeuta, que seria incorporado por Robin Willians. A estratégia funcionou para eles também!
        Bem, mas só isso não explica o imenso sucesso de Gênio Indomável. Nesse ponto é preciso lembrar que a direção segura de Gus Van Sant, um diretor eclético e criativo, mas que soube trabalhar dentro dos cânones de Hollywood, foi decisiva para que o filme tivesse boa recepção por parte do público. E quanto à excelente interpretação de Robin Willians, bem... é desnecessário chover no molhado! O ator ficou com grande parte do mérito por esse filme memorável – aliás, o merecido Óscar de melhor ator coadjuvante serviu para promovê-lo ainda mais.

Resenha crítica do filme Gênio Indomável

Ano de produção: 1997
Direção: Gus Van Sant
Roteiro: Matt Damon e Ben Affleck
Elenco: Robin Williams, Matt Damon, Ben Affleck, Stellan Skarsgård, Minnie Driver, Casey Affleck, Cole Hauser, John Mighton, Scott William Winters, Jimmy Flynn, Christopher Britton, Alison Folland e George Plimpton

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