A Vida é Bela: um humorista colhido pelo holocausto
UM COMEDIANTE VIVENDO OS HORRORES DO HOLOCAUSTO
Para uns, belo e poético, para outros, esquizofrênico e desrespeitoso. O fato é que o filme A Vida é Bela, comédia dramática de 1997 dirigida por Roberto Benigni, brincou com um assunto sério e navegou num mar de polêmicas, mas terminou atracando nas docas do sucesso. Venceu o Grand Prix do Festival de Cannes em 1998 e faturou três Óscares: melhor filme estrangeiro, melhor ator e melhor trilha sonora – composta por Nicola Piovani. Escrito pelo próprio Benigni em parceria com o roteirista Vincenzo Cerami, o filme ainda suscita discussões acaloradas entre os cinéfilos.
O filme A Vida é Bela se passa durante a Segunda Guerra Mundial, na cidade de Arezzo na região da Toscana. Guido Orefice, interpretado pelo próprio Benigni, é um judeu destrambelhado, que tenta ganhar a vida como garçom, mas sonha em abrir uma livraria. Conhece Dora, interpretada por Nicoletta Braschi – mulher de Benigni – com quem vive um conto de fadas, apresentado com doses fartas de um humor ingênuo e escrachado. Os dois se casam e têm um filho: Giosué (Giorgio Cantarini).
Na segunda parte do filme A Vida é Bela, o drama da guerra e seus absurdos ganham as telas, mas não conseguem sufocar o humor. Os três vão parar num campo de concentração, onde Guido fará o impossível para manter o pequeno Giosué a salvo e alienado dos horrores e sofrimentos que os cercam. Drama e comédia se misturam num caldo fantasioso, de onde Begnini consegue extrair poesia e emoções autênticas.
Na segunda parte do filme A Vida é Bela, o drama da guerra e seus absurdos ganham as telas, mas não conseguem sufocar o humor. Os três vão parar num campo de concentração, onde Guido fará o impossível para manter o pequeno Giosué a salvo e alienado dos horrores e sofrimentos que os cercam. Drama e comédia se misturam num caldo fantasioso, de onde Begnini consegue extrair poesia e emoções autênticas.
Utilizar a comédia para abordar um tema tão denso e circunspecto como o holocausto pode não ser algo prudente, mas no filme A Vida é Bela Roberto Benigni não fez isso de maneira ofensiva. Sabiamente deixou que seu personagem viesse à tona com espontaneidade e tentou nos provocar com uma ideia interessante: como se comportaria um comediante num campo de concentração? Comparado a outros mortais, ele certamente teria dentro de si uma quantidade tão grande de humor, que demoraria mais tempo para se esgotar. Será que continuaria fazendo humor... até o fim?
Benigni buscou realizar algo novo e original, mas sua inspiração em Charles Chaplin é evidente, não apenas pelas obvias citações ao filme O Grande Ditador, mas também pelas visitações a O Garoto. Porém, ao contrário do mudo e vagabundo Carlitos, Guido Orefice é um falastrão hiperativo. Em alguns momentos chega a ser um pateta irritante, em outros, quando suas falas ganham refinamento – dando uma de tradutor para inventar as regras do campo de concentração, ou prometendo ao filho que fará uma placa proibindo a entrada de aranhas e visigodos na sua livraria – consegue elevar a qualidade do roteiro.
Benigni buscou realizar algo novo e original, mas sua inspiração em Charles Chaplin é evidente, não apenas pelas obvias citações ao filme O Grande Ditador, mas também pelas visitações a O Garoto. Porém, ao contrário do mudo e vagabundo Carlitos, Guido Orefice é um falastrão hiperativo. Em alguns momentos chega a ser um pateta irritante, em outros, quando suas falas ganham refinamento – dando uma de tradutor para inventar as regras do campo de concentração, ou prometendo ao filho que fará uma placa proibindo a entrada de aranhas e visigodos na sua livraria – consegue elevar a qualidade do roteiro.
O filme A Vida é Bela é uma obra com duas partes contrastadas. Passar pela primeira, rodada no belíssimo centro histórico de Arezzo, é um exercício de paciência, já que as piadas previsíveis e o tom de comédia pastelão mantêm os personagens na superficialidade. Na segunda parte, o jogo muda. Os personagens se revelam e a história encontra sua razão de ser. O saldo é positivo e favorável a Roberto Benigni.
Resenha crítica do filme A Vida é Bela
Ano de produção: 1997Direção: Roberto Benigni
Roteiro: Roberto Benigni e Vincenzo Cerami
Elenco: Roberto Benigni, Nicoletta Braschi, Giorgio Cantarini, Giustino Durano, Sergio Bini Bustric e Marisa Paredes
Aprendo mto com suas crônicas!
ResponderExcluirFico feliz com o feedback. Muito obrigado!
ExcluirConcordo com tudoooo! Parabéns!
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirSe não tivesse Titanic na cerimônia do Oscar seria ele a ganhar também de direção.
ResponderExcluirO filme disputou o Óscar em 1999, quando a estatueta de melhor direção foi para Steven Spielberg, pelo filme O Resgate do Soldado Ryan. Essa foi, sem dúvida, a pedra no sapato de Benigni.
ExcluirCrônica perfeita.
ResponderExcluirMuito obrigado!!
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