Doutor Jivago: uma história de amor ofuscando a revolução russa
Doutor Jivago: filme dirigido por David Lean
CINEMA ELEGANTE QUE CONTINUA IRRADIANDO EXUBERÂNCIA
Quando me dei por gente, Doutor Jivago já era um dos maiores clássicos da história do cinema. Sabia praticamente nada sobre o filme, apenas o que ouvia de minha mãe e de minhas tias, quando conversavam sobre filmes, romances açucarados e a vida das atrizes e atores de Hollywood – tudo muito chato para um garoto mais interessado em ação e aventuras. No entanto, conhecia muito bem a música do filme. Volta e meia o Tema de Lara estava na vitrola da sala, nos programas de rádio e nos assobios da minha mãe enquanto pendurava para secar as roupas no varal. Virou lembrança de infância, mais associada às preferências e ao gosto de outras gerações.Quando finalmente assisti ao filme, já era adulto – apto a apreciar e compreender o gosto e as preferências das outras gerações. Fiquei surpreso com essa obra de 1965 dirigida por David Lean. Não me deparei com as cenas emboloradas, textos ultrapassados e atuações datadas. Ao invés disso, fui capturado por uma narrativa fluente e envolvente, que soube trazer os personagens e seus dramas para o primeiro plano, deixando como pano de fundo os acontecimentos históricos. Sim, há um certo ímpeto kitsch que caracterizou os grandes filmes românticos dos anos 60, mas isso não comprometeu o resultado final.
Doutor Jivago conta a história de amor impossível que Yuri Jivago (Omar Sharif), médico aristocrata e poeta, vive com a enfermeira Lara Antipova (Julie Christie). Narrado pelo irmão de Yuri (Alec Guiness), o filme remete a episódios anteriores à revolução russa, mostrando de um lado a trajetória de Yuri e seu casamento com Tonya (Geraldine Chaplin) e de outro as desventuras de Lara, que se vê à mercê de um político inescrupuloso. O encontro do par romântico é abreviado pela fúria dos bolcheviques. Os comunistas irrompem a revolução, impõem uma nova ordem coletivista e esmagam as aspirações individuais. Dor, sofrimento, separações, injustiças, desejos de vingança... Em um tom grandiloquente, o filme cobre as décadas de encontros e desencontros que marcaram a vida de Yuri e Lara.
Escrito em 1958 por Boris Pasternak – ganhador do Prêmio Nobel de Literatura – Doutor Jivago tornou-se um romance célebre no ocidente, mas foi censurado na então União Soviética. O escritor segue a tradição russa e constrói uma narrativa épica, percorrendo um período histórico importante para o seu país, mas inovou ao se concentrar na experiência individual dos seus personagens, criando uma história poderosa. Trata-se de um romance longo e complexo, com diversas histórias interconectadas, que exigiu um grande esforço de adaptação para poder ganhar vida nas telas.
A tarefa de adaptar Doutor Jivago coube ao escritor Robert Bolt – ele chegou a ser o roteirista mais bem pago de Hollywood. Seu principal desafio foi dar o tratamento certo ao protagonista, um homem bom, mas um tanto passivo e hesitante, longe de ser o herói convencional comumente retratado no cinema. Yuri está mais para a poesia e o amor romântico do que para os rompantes passionais e violentos. Talvez justamente por isso o filme acabou se tornando um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos.
Por outro lado, David Lean soube impor seu estilo elegante e clássico de filmar. Ele já era um dos mais consagrados diretores da história do cinema, premiado por sucessos como A Ponte do Rio Kwai e Lawrence da Arábia – mais tarde o teríamos novamente na direção, dessa vez no filme Passagem Para a Índia. Em Doutor Jivago, o diretor reuniu um elenco de peso e arrancou dele atuações memoráveis. Também soube tirar proveito da ótima trilha sonora composta por Maurice Jarre e da fotografia deslumbrante assinada por Freddie Young.
Adorado por gerações, Doutor Jivago conquistou o rótulo de grande clássico do cinema mundial. Venceu o Óscar em cinco categorias: melhor roteiro adaptado, melhor direção de arte, melhor fotografia, melhor figurino e melhor trilha sonora. Nos dias atuais, quando exibido nos aparelhos de TV digital, o filme continua irradiando exuberância!
A tarefa de adaptar Doutor Jivago coube ao escritor Robert Bolt – ele chegou a ser o roteirista mais bem pago de Hollywood. Seu principal desafio foi dar o tratamento certo ao protagonista, um homem bom, mas um tanto passivo e hesitante, longe de ser o herói convencional comumente retratado no cinema. Yuri está mais para a poesia e o amor romântico do que para os rompantes passionais e violentos. Talvez justamente por isso o filme acabou se tornando um dos maiores sucessos de bilheteria de todos os tempos.
Por outro lado, David Lean soube impor seu estilo elegante e clássico de filmar. Ele já era um dos mais consagrados diretores da história do cinema, premiado por sucessos como A Ponte do Rio Kwai e Lawrence da Arábia – mais tarde o teríamos novamente na direção, dessa vez no filme Passagem Para a Índia. Em Doutor Jivago, o diretor reuniu um elenco de peso e arrancou dele atuações memoráveis. Também soube tirar proveito da ótima trilha sonora composta por Maurice Jarre e da fotografia deslumbrante assinada por Freddie Young.
Adorado por gerações, Doutor Jivago conquistou o rótulo de grande clássico do cinema mundial. Venceu o Óscar em cinco categorias: melhor roteiro adaptado, melhor direção de arte, melhor fotografia, melhor figurino e melhor trilha sonora. Nos dias atuais, quando exibido nos aparelhos de TV digital, o filme continua irradiando exuberância!
Resenha crítica do filme Doutor Jivago
Ano de produção: 1965Direção: David Lean
Roteiro: Robert Bolt
Elenco: Omar Sharif, Julie Christie, Geraldine Chaplin, Rod Steiger, Alec Guiness, Tom Courtenay, Siobhan McKena, Ralph Richardson, Jeffrey Rockland, Tarek Sharif, Bernard Kay, Klaus Kinski e Rita Tushingham
Belíssima crônica sobre um filme que marcou minha infância. Eu assisti na telona ainda na minha adolescência, pois em 1965, foi lançado eu estava com 8 anos, pelas distâncias da época ele chegou na minha cidade, no interior, já na década 70. Apesar da pouca idade, gostei muito do filme e começamos a ouvir falar da Rússia. Muito bom...
ResponderExcluirAh, é cinema com cara de evento. E dos imponentes! Um acontecimento cinematográfico que marcou a vida de muita gente, trazendo emoção, diversão e cultura. Viva o cinema!
ExcluirExelente.
ResponderExcluirAssisti a primeira vez no cine Vitória,Cinelândia-Rj,@tinha eu 16 ANOS de idade em 1965.Depois disso revi mais 76 vezes em Vhs,TV a cabo e streamings. Obra prima de David Leandro!
ResponderExcluirAh, é mesmo um filme marcante. Um clássico indispensável!
ResponderExcluirPosso falar imensamente dessa película dessa superprodução esmerada ao máximo por um perfeccionista sensível de outros filmes do mesmo quilate como Lawrence da Arábia e A ponte do rio kwai. Só posso dizer que foi o único filme que me fez CHORAR pelo seu final de eco muito triste que nos faz entende a dimensão de um evento daquele momento fundamental pode fazêr a milhões para uma nação que ainda é vista com aversão pelo ocidente predador capitalista : Rússia
ResponderExcluirAINDA não li a obra, pois a crítica negativa é que sua adaptação soou um pouco maniqueísta.
Um belo filme. Várias vezes , pra testar minha atenção no filme, fui pego pela pergunta: - que instrumento tocava Lara? Uma ótima obra sobre a Rússia...
ResponderExcluirVocê se refere à balalaica? É um instrumento de cordas típico da Rússia, cuja sonoridade lembra a de um bandolim.
ExcluirGosto imensamente de suas resenhas ,textos ,observações e é um prazer para os olhos e o coração,é muito bom e peculiar qdo cita pessoas de sua família nos seus textos,é muito lúdico e sem ser piegas dá um aconchego saboroso aos textos , uma observação,vc citou PASSAGEM PARA A ÍNDIA que é o último filme de DAVID LEAN neste hiato entre DOUTOR JIVAGO e PASSAGEM PARA A ÍNDIA existe o belo À FILHA DE RYAN que é um dos mais belos filmes deste cineasta inglês e é datado de 1970 e tem uma das fotografias mais belas de um filme ,é um deslumbre,cenas magnifica, mas foi um grande fracasso de bilheterias,ele LEAN que vinha de sucessivos é lucrativos filmes ,que foram citados no texto e este filme A FILHA RYAN que tem as mesmas qualidades dos anteriores ,muito esmero ,elencos fabulosos de grandes atores,e ROBERT MITCHUM tem uma atuação memorável de um irlandês impassível,que é traído por sua esposa,e tem uma peculiar maneira de andar que ajuda a compor o personagem como uma espécie de estátua impassível e ereta, mas meus parabéns, a filha de CHAPLIN a joven GERALDINE foi seu primeiro papel no cinema,antes tinha feito uma ponta no filme de seu pai LUZES DA RIBALTA,ademais é uma satisfação ler vossos textos!
ResponderExcluirPuxa, muito obrigado por suas palavras. Elas chegam como um incentivo para seguir escrevendo. Quanto ao excelente filme A Filha de Ryan, de fato precisa urgente ganhar uma crônica aqui no blog! Grato pela lembrança. Vou providenciar!!!
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