Mare of Easttown: uma personagem em sua comunidade
Mare of Easttown: minissérie dirigida por Craig Zobel
EM PRIMEIRO PLANO, OS PERSONAGENS. O MISTÉRIO FICA COMO PANO DE FUNDO
Em Easttown, município do condado de Chester, na Pensilvânia, há muita qualidade de vida, que podemos intuir só de olhar as ruas pavimentadas, o paisagismo cuidadoso, o trânsito pacato e as residências belas e confortáveis. Há também uma investigadora de polícia chamada Mare Sheehan, de quem imediatamente desejamos nos tornar íntimos, só de olhar o semblante maduro, grave e atormentado que assume por estar vestida com a pele da atriz Kate Winslet. A força de Mare of Easttwon, a minissérie da HBO que se tornou sucesso imediato e arrebatador, talvez esteja ancorada nesses três elementos: uma personagem, uma atriz e uma comunidade!Desenvolvida em sete episódios, Mare of Easttown nos traz um drama policial, que gira ao redor de um misterioso assassinato. Sabemos que ele será resolvido, mas não sabemos a que custo emocional para os incontáveis personagens que vão surgindo, um mais interessante, denso e suspeito do que o outro. A vida pacata numa comunidade próspera vai se revelando em suas múltiplas facetas, na medida em que seus homens, mulheres, jovens, velhos e crianças fazem suas escolhas e tomam suas decisões. É por meio dos olhos de Mare que vamos enxergando as consequências, como se lêssemos um romance fluido e envolvente.
Apresentarei aqui uma sinopse de Mare of Easttown, mas você não precisa se preocupar com spoilers – estragar as incontáveis surpresas seria um crime! A minissérie conta a história da policial Mare, que recebe a incumbência de investigar o homicídio de uma mãe adolescente. Não é uma adolescente qualquer. Trata-se de uma garota conhecida na cidade, cujo pai, tio, primos e amigos são todos conhecidos de todos. A detetive, sua família, seus colegas e seus amigos se relacionam com todos e, de repente, somos apresentados a uma grande coleção de personagens para alimentar nossas suspeitas.
Ocorre que a própria Mare, além de estar passando por sérios problemas familiares, carrega o peso de não ter conseguido resolver o caso de outra garota desaparecida há cerca de um ano. Ela é respeitada e admirada na comunidade, mas está longe de ser a policial implacável e infalível que costuma habitar os romances policiais. Em certo momento, um personagem faz uma ironia, desejando a Mare uma boa-noite, o que em inglês acaba virando “good nigth, Mare”, ou seja: um pesadelo! Esse trocadilho certamente dá uma ideia do quanto a personagem é de difícil trato.
Não vamos encontrar estereótipos fáceis em Mare of Easttown. Ao contrário, os realizadores fizeram questão de nos apresentar a personagens densos, que irradiam credibilidade e verdade emocional. São eles que enchem a tela o tempo todo, com seus dramas e suas reações emocionais. Diante deles, o ritmo compassado, a atmosfera de mistério e a necessidade de descobrir o culpado pelo crime brutal se tornam um pano de fundo, um pretexto para seguir Mare em sua jornada pessoal.
O criador da minissérie é o roteirista Brad Ingelsby, ele mesmo um nativo da região onde ambientou sua história. Experiente e talentoso, assinou os roteiros de vários filmes, entre eles Tudo Por Justiça e Noite sem Fim. Foi Ingelsby quem roteirizou cada um dos sete episódios e acompanhou a produção nos sets de filmagem, trocando ideias com o elenco para afinar as linhas de diálogo.
Inicialmente, quem estaria na direção de Mare of Easttown seria Gavin O’Connor, mas acabou substituído por Craig Zobel, diretor dos filmes Obediência e A Caçada, além de episódios das séries The Leftovers e Westworld. Dirigindo todos os episódios, Zobel soube lidar com as demandas de uma série carregada de narrativa, planejando os trabalhos na medida em que a produção ia avançando. Ao contrário do roteirista, o diretor não era nativo da região, o que lhe deu o distanciamento necessário para criar uma atmosfera que fosse ao mesmo tempo instigante e compreensível para o espectador.
Quanto a Kate Winslet, não há como não se render ao seu magnetismo. A atriz britânica fez uma leitura perfeita de Mare e soube nos apresentar a uma personagem imperfeita, com falhas e medos, com momentos reprováveis, mas sempre verdadeira. Ela soube dosar sua atuação de forma equilibrada e ainda precisou lidar com o sotaque peculiar dos moradores da região, o que exigiu muitos preparativos. Esbanjou competência e carisma.
Mare of Easttown quebrou recordes de audiência e fez a alegria dos executivos da HBO, mas os espectadores que esfregarem as mãos esperando por uma segunda temporada, podem sossegar na poltrona. O contrato assinado por Kate Winslet prevê apenas uma temporada e a história, com começo meio e fim, já foi toda contada. Aliás, muito bem contada! Ludy e eu assistimos aos sete episódios num único fôlego. Precisamos apenas de um generoso balde de pipoca e um cobertor capaz de suportar o rigoroso inverno que vem assolando Curitiba.
Não vamos encontrar estereótipos fáceis em Mare of Easttown. Ao contrário, os realizadores fizeram questão de nos apresentar a personagens densos, que irradiam credibilidade e verdade emocional. São eles que enchem a tela o tempo todo, com seus dramas e suas reações emocionais. Diante deles, o ritmo compassado, a atmosfera de mistério e a necessidade de descobrir o culpado pelo crime brutal se tornam um pano de fundo, um pretexto para seguir Mare em sua jornada pessoal.
O criador da minissérie é o roteirista Brad Ingelsby, ele mesmo um nativo da região onde ambientou sua história. Experiente e talentoso, assinou os roteiros de vários filmes, entre eles Tudo Por Justiça e Noite sem Fim. Foi Ingelsby quem roteirizou cada um dos sete episódios e acompanhou a produção nos sets de filmagem, trocando ideias com o elenco para afinar as linhas de diálogo.
Inicialmente, quem estaria na direção de Mare of Easttown seria Gavin O’Connor, mas acabou substituído por Craig Zobel, diretor dos filmes Obediência e A Caçada, além de episódios das séries The Leftovers e Westworld. Dirigindo todos os episódios, Zobel soube lidar com as demandas de uma série carregada de narrativa, planejando os trabalhos na medida em que a produção ia avançando. Ao contrário do roteirista, o diretor não era nativo da região, o que lhe deu o distanciamento necessário para criar uma atmosfera que fosse ao mesmo tempo instigante e compreensível para o espectador.
Quanto a Kate Winslet, não há como não se render ao seu magnetismo. A atriz britânica fez uma leitura perfeita de Mare e soube nos apresentar a uma personagem imperfeita, com falhas e medos, com momentos reprováveis, mas sempre verdadeira. Ela soube dosar sua atuação de forma equilibrada e ainda precisou lidar com o sotaque peculiar dos moradores da região, o que exigiu muitos preparativos. Esbanjou competência e carisma.
Mare of Easttown quebrou recordes de audiência e fez a alegria dos executivos da HBO, mas os espectadores que esfregarem as mãos esperando por uma segunda temporada, podem sossegar na poltrona. O contrato assinado por Kate Winslet prevê apenas uma temporada e a história, com começo meio e fim, já foi toda contada. Aliás, muito bem contada! Ludy e eu assistimos aos sete episódios num único fôlego. Precisamos apenas de um generoso balde de pipoca e um cobertor capaz de suportar o rigoroso inverno que vem assolando Curitiba.
Resenha crítica da minissérie Mare of Easttown
Ano de produção: 2021Diretor: Craig Zobel
Roteiro: Brad Ingelsby
Elenco: Kate Winslet, Julianne Nicholson, Jean Smart, Angourie Rice, David Denman, Neal Huff, Guy Pearce, Cailee Spaeny, John Douglas Thompson, Joe Tippett, Evan Peters, Sosie Bacon e James McArdle
Adorei os seus comentários! Esta série é muito boa! Quando comecei a assistir não consegui parar.
ResponderExcluirMuito obrigado!! Também acabei assistindo um episódio atrás do outro!!!
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