A Última Nota: um pianista fictício vivendo uma crise real
A Última Nota: filme dirigido por Claude Lalonde
O UNIVERSO DA MÚSICA ERUDITA TRATADO COM REVERÊNCIA E CONTEMPLAÇÃO
Sir Henry Cole é um concertista consagrado. Sua história de sucesso no mundo da música erudita parecia terminada, depois da morte da mulher em circunstâncias trágicas. Mas agora ele está de volta, numa turnê comemorada pelos amantes da música, que disputam lugares para vê-lo interpretar ao piano obras de grandes compositores como Schumann, Chopin, Scarlatti, Beethoven, Schubert, Scriabin, Rachmaninoff e Liszt. Acontece que ao retornar aos palcos, Cole trouxe com ele uma crise de ansiedade que está prejudicando seu desempenho.Em A Última Nota, o pianista interpretado por Patrick Stewart é fictício, mas a ansiedade de desempenho é um drama real, que assombra os artistas do mundo da música de alta performance. Realizado em 2019, com direção de Claude Lalonde e roteiro assinado por Louis Godbout, o filme não é otimista e muito menos dedicado a contar uma história de superação. É ensolarado e vistoso na fotografia, mas melancólico na música e contemplativo no ritmo lento – é impossível deixar de notar o paralelo com o estilo de Ingmar Bergman em filmes como Sonata de Outono, por exemplo.
A comparação com o mestre pode soar heresia para alguns cinéfilos, afinal, o roteiro de Louis Godbout se apega a alguns estereótipos do mundo da música erudita e não constrói seus personagens com a mesma intensidade dramática. Mas os momentos de reflexão e angústia capturados da interpretação competente de Patrick Stewart são verdadeiros e convincentes. A narrativa, que intercala dois momentos distintos – o início e o fim da história – funciona para manter a atenção do espectador, ainda que torne o enredo previsível. Porém, o que funciona – e muito bem – em A Última Nota é a música! Mas antes de falar sobre ela, vamos a uma rápida sinopse.
O filme flagra Henry Cole (Patrick Stewart) vivendo uma crise de ansiedade após um concerto, tendo que encarar a sanha predadora da imprensa especializada. Entre os inquisidores está Helen Morrison (Katie Holmes), uma ex-aluna da Juilliard School que não deu conta de abraçar a carreira de concertista e virou crítica musical do The New Yorker. Uma amizade verdadeira floresce entre os dois e ela se torna confidente de Cole. Ele encontra nela o apoio para superar suas dificuldades e vislumbra um novo fôlego em sua carreira e também na vida pessoal. Paul (Giancarlo Esposito), seu agente e grande amigo, está animado com a nova fase que se descortina, mas terá que lidar com os medos que continuam conspirando contra a continuidade da turnê.
Quem toca no piano as obras musicais que ouvimos em A Última Nota é o pianista canadense de ascendência ucraniana Serhiy Salov, um solista e músico de câmara que alcançou destaque e vários prêmios no cenário da música erudita internacional, por seu virtuosismo e técnica impecável. Ele até faz uma participação especial no filme, interpretando o movimento de Abertura de Arietta da Sonata Op. 111 de Beethoven em um hotel da Suíça onde o protagonista foi buscar refúgio.
A interpretação de Patrick Stewart é digna de nota. Ele é bastante convincente na frente do teclado, simulando o vigor e a destreza de um concertista. Seu Henry Cole denota orgulho em dominar a arte, ao mesmo tempo em que reconhece o peso da responsabilidade por ousar executar as obras-primas que escolheu para seu repertório – e se mostra pronto para desistir se perceber que não está mais fazendo jus a elas. Isso fica claro na cena em que ele está tocando para a plateia o desafiador final da Balada de Chopin, Op. 52 e comete um erro provocado pela ansiedade.
Em A Última Nota, a vida não é como uma peça musical, cuja partitura está escrita e pode ser repetida incontáveis vezes. Ela é incerta e não oferece garantias de que não se há de sofrer! O concertista Henry Cole é atormentado por perdas pessoais, que se repetem e insistem em pôr à prova sua vocação para o mundo da música. O peso da idade não parece incomodá-lo, mas o fardo imposto pela ansiedade de desempenho talvez seja demais para ele. É no envolvimento com a jornalista Helen Morrison que ele vai procurar as forças para vencê-la.
Quem toca no piano as obras musicais que ouvimos em A Última Nota é o pianista canadense de ascendência ucraniana Serhiy Salov, um solista e músico de câmara que alcançou destaque e vários prêmios no cenário da música erudita internacional, por seu virtuosismo e técnica impecável. Ele até faz uma participação especial no filme, interpretando o movimento de Abertura de Arietta da Sonata Op. 111 de Beethoven em um hotel da Suíça onde o protagonista foi buscar refúgio.
A interpretação de Patrick Stewart é digna de nota. Ele é bastante convincente na frente do teclado, simulando o vigor e a destreza de um concertista. Seu Henry Cole denota orgulho em dominar a arte, ao mesmo tempo em que reconhece o peso da responsabilidade por ousar executar as obras-primas que escolheu para seu repertório – e se mostra pronto para desistir se perceber que não está mais fazendo jus a elas. Isso fica claro na cena em que ele está tocando para a plateia o desafiador final da Balada de Chopin, Op. 52 e comete um erro provocado pela ansiedade.
Em A Última Nota, a vida não é como uma peça musical, cuja partitura está escrita e pode ser repetida incontáveis vezes. Ela é incerta e não oferece garantias de que não se há de sofrer! O concertista Henry Cole é atormentado por perdas pessoais, que se repetem e insistem em pôr à prova sua vocação para o mundo da música. O peso da idade não parece incomodá-lo, mas o fardo imposto pela ansiedade de desempenho talvez seja demais para ele. É no envolvimento com a jornalista Helen Morrison que ele vai procurar as forças para vencê-la.
Resenha crítica do filme A Última Nota
Ano de Produção: 2019Direção: Claude Lalonde
Roteiro: Louis Godbout
Elenco: Patrick Stewart, Katie Holmes e Giancarlo Esposito
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