Thelma & Louise: duas mulheres encurraladas pelo machismo
![Cena do filme Thelma & Louise ilustrando artigo da Crônica de Cinema Cena do filme Thelma & Louise](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwO8GLFt1Ony8xtqbe1hwXsjrH1WWpfGgx9Ecl04IN5NlJZnxHNIkxF2pYHeEncMUBai7ivY91Q1CO63y8ciS2s5r9Ie2gDSXzoqz7S8DJWq6C7X7TWAVLcTiK9FQxdy5tYIkq4HLOiFQ/w640-h336/cena-do-filme-thelma-%2526-louise-ilustrando-artigo-da-cronica-de-cinema.jpg)
Thelma & Louise: filme dirigido por Ridley Scott
ESPÍRITO DO TEMPO VEM SE MANISFESTAR
No final do Século XVIII, o romantismo dos alemães rompeu com a hegemonia do pensamento racional iluminista. Deu voz aos sentimentos, à individualidade e às experiências pessoais nas reflexões filosóficas. A literatura, a música, as artes e a cultura ficaram mais arrebatadoras e... atormentadas! Foi nessa época que surgiu o conceito de Zeitgeist. A palavra do idioma alemão é traduzida como “espírito do tempo” e designa o ambiente intelectual, social e cultural de uma determinada época ou lugar. Ao mesmo tempo em que refletem esse tal espírito do tempo, as obras culturais o influenciam e ajudam a engrossar o caldo que ouso chamar de mentalidade.Ao olhar para as obras cinematográficas, podemos perceber a mentalidade reinante que as produziu. Ao olhar para Thelma & Louise, realizado em 1991 por Ridley Scott, é fácil perceber como o filme foi bem-sucedido em capturar o Zeitgeist! De repente, as pessoas iam aos cinemas para assistir a um road movie protagonizado por duas mulheres, para vê-las atropelar os imperativos masculinos que sempre comandaram o mundo do cinema. Nas salas de exibição, encontravam um espelho que refletia não apenas os penteados, os figurinos, a estética musical e as gírias da época, mas enquadrava uma mentalidade que abria espaço para o feminismo, ao mesmo tempo em que repudiava o sexismo. Falava de amor, amizade, individualismos, desejos e angústias, mas sempre mantia o pé de igualdade entre homens e mulheres.
Em Thelma & Louise, o Zeitgeist começou a se manifestar primeiro em Callie Khouri, a roteirista que concebeu a história. Ela criou as duas personagens centrais e as dotou com tamanha profundidade que arrebatou o público. Foi hábil em caracterizá-las como mulheres fortes, identificadas com o seu tempo e agarradas na realidade. Ambas irradiavam credibilidade e verdade emocional e quando colocadas diante de situações limites, fizeram as escolhas que as mulheres do seu tempo escolheriam fazer. Mas antes de continuar a divagação, talvez seja mais apropriado lembrar a sinopse!
O filme nos conta a história de Thelma Yvonne Dickinson (Geena Davis) e Louise Elizabeth Sawyer (Susan Sarandon), duas amigas que vivem no Arkansas. São mulheres comuns, de classe média baixa, metidas em relacionamentos imperfeitos. Thelma é dona de casa, casada com o vendedor Darryl Dickinson (Christopher McDonald). Louise é garçonete e namora o músico ausente Jimmy Lennox (Michael Madsen). As duas decidem dar um tempo na mesmice e partem de carro para uma cabana nas montanhas, onde passarão férias. No meio do caminho, numa parada de beira de estrada, tomam uns drinques e perdem o controle da aventura. É quando um sujeito tenta estuprar Thelma. Louise interfere e atira no sujeito. O sujeito morre instantaneamente. Dali em diante, tudo se transforma! A vida que Thelma e Louise levavam deixa de existir. Agora só o que há é a fuga, as estradas empoeiradas e a polícia implacável no encalço das duas.
Essa história toda rendeu a Callie Khouri o Óscar de melhor roteiro original. Tal sucesso transformou Thelma & Louise num notável manifesto feminista, que passou a ser cultuado como uma das obras mais marcantes da década de 1990. Curiosamente, a presença de Brad Pitt vivendo o andarilho J.D. ficou igualmente gravada na memória do público – seria o primeiro papel do futuro astro de Hollywood. Mas há outro elemento que se sobressai no filme: a direção de Ridley Scott!
O diretor vinha de três grandes sucessos: Alien – O Oitavo Passageiro, Blade Runner e Chuva Negra, nenhum deles era, digamos... feminista! Ao contrário, os filmes de Ridely Scott sempre tiveram afinidades com o universo machista. Ao decidir realizar Thelma & Louise, ele conseguiu expandir os conceitos iniciais da obra e a livrou do estigma de manifesto. Filmou como se tratasse de um épico, uma saga pelas pradarias americanas, onde as duas personagens brilham em contraste com a paisagem árida. Soube reconhecer o Zeitgeist que se insinuava feito assombração.
O espírito do tempo, no cinema, é algo que se manifesta na criação coletiva, afinal, a sétima arte é resultado do trabalho de vários artistas, de diferentes áreas, que se esforçam para fazer arte. Seja na fotografia impecável de Adrian Biddle, seja na trilha sonora de Hans Zimmer ou nas interpretações de Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Michael Madsen e Brad Pitt, o que vemos em Thelma & Louise é um esforço criativo que influenciou os costumes de toda uma geração. Ridley Scott era o sujeito certo para comandar esse feito? Ora, não nos esqueçamos de que o diretor é oriundo da publicidade e antes de dirigir longas, já havia assinado milhares de comerciais de sucesso para as TVs da Europa. Nesta história de capturar e incluenciar o espírito do tempo, ele já era um protagonista!
Essa história toda rendeu a Callie Khouri o Óscar de melhor roteiro original. Tal sucesso transformou Thelma & Louise num notável manifesto feminista, que passou a ser cultuado como uma das obras mais marcantes da década de 1990. Curiosamente, a presença de Brad Pitt vivendo o andarilho J.D. ficou igualmente gravada na memória do público – seria o primeiro papel do futuro astro de Hollywood. Mas há outro elemento que se sobressai no filme: a direção de Ridley Scott!
O diretor vinha de três grandes sucessos: Alien – O Oitavo Passageiro, Blade Runner e Chuva Negra, nenhum deles era, digamos... feminista! Ao contrário, os filmes de Ridely Scott sempre tiveram afinidades com o universo machista. Ao decidir realizar Thelma & Louise, ele conseguiu expandir os conceitos iniciais da obra e a livrou do estigma de manifesto. Filmou como se tratasse de um épico, uma saga pelas pradarias americanas, onde as duas personagens brilham em contraste com a paisagem árida. Soube reconhecer o Zeitgeist que se insinuava feito assombração.
O espírito do tempo, no cinema, é algo que se manifesta na criação coletiva, afinal, a sétima arte é resultado do trabalho de vários artistas, de diferentes áreas, que se esforçam para fazer arte. Seja na fotografia impecável de Adrian Biddle, seja na trilha sonora de Hans Zimmer ou nas interpretações de Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Michael Madsen e Brad Pitt, o que vemos em Thelma & Louise é um esforço criativo que influenciou os costumes de toda uma geração. Ridley Scott era o sujeito certo para comandar esse feito? Ora, não nos esqueçamos de que o diretor é oriundo da publicidade e antes de dirigir longas, já havia assinado milhares de comerciais de sucesso para as TVs da Europa. Nesta história de capturar e incluenciar o espírito do tempo, ele já era um protagonista!
Resenha crítica do filme Thelma & Louise
Ano de produção: 1991Direção: Ridley Scott
Roteiro: Callie Khouri
Elenco: Susan Sarandon, Geena Davis, Harvey Keitel, Michael Madsen, Christopher McDonald, Stephen Tobolowsky, Brad Pitt, Timothy Carhart, Jason Beghe e Marco St. John
Lindo filme, linda crônica, lindo re-viver!!! O Zeitgeist fica como tempestade e ímpeto!!! Parabéns, Fábio Belik! Texto necessário, filme necessário, porque verdadeiros... num Brasil raso e medíocre!!! Reitero: PA-RA-BÉNS!!! Quem quiser, que veja e/ou reveja o filme! Você/seu texto apatecem-nos!!!
ResponderExcluirLindo filme, linda crônica, lindo re-viver!!! O Zeitgeist fica como tempestade e ímpeto!!! Parabéns, Fábio Belik! Texto necessário, filme necessário, porque verdadeiros... num Brasil raso e medíocre!!! Reitero: PA-RA-BÉNS!!! Quem quiser, que veja e/ou reveja o filme! Você/seu texto apatecem-nos!!!
ResponderExcluirObrigado, Alex! O filme é mesmo muito marcante e pode ser revisitado sempre!
Excluir