Toscana: romantismo, gastronomia e uma fotografia deslumbrante
Toscana: dirigido por Mahdi Avaz
QUEM DISSE QUE O CINEMA NÃO COMUNICA SABORES E AROMAS?
A imprensa já anunciava com insistência: uma frente fria estava chegando do sul para derrubar as temperaturas em Curitiba. Na noite em que ela finalmente deu as caras, encontrou Ludy e eu enrolados num cobertor, acomodados no sofá em frente à TV. Zapeando pelo serviço de streaming, tentávamos chegar a um acordo: um filme de ação com tiros e perseguições ou um drama denso, que mergulhasse em temas mais profundos. Então, nos deparamos com o título Toscana, dirigido em 2022 pelo dinamarquês de origem iraniana Mehdi Avaz. Minha mulher abriu um sorriso e me lançou um olhar de interrogação – estaria eu disposto a assistir a mais um filme romântico ambientado na Toscana, protagonizado por um chefe de cozinha, que provavelmente mostraria belíssimas paisagens e que abusaria das referências gastronômicas? E por que não! Apertei o play e tratamos de ser felizes!Ludy e eu realizamos nosso sonho de conhecer um pouco daquela famosa região quando comemoramos as nossas Bodas de Prata. Sem disfarçar nossa condição de meros turistas encantados, saímos de Roma e fomos até Florença, a capital da Toscana. Passando por cidades encantadoras, tivemos um pequeno vislumbre do que até então só conhecíamos pelo cinema. A aventura só serviu para deixar um gostinho de quero mais. Desde então, continuamos apreciando a Toscana por meio dos filmes aos quais assistimos. E esse, logo na abertura, nos fez sentir em casa! É que os créditos iniciais chegaram com belas paisagens, acompanhadas pela canção L'Appuntamento, interpretada por Ornella Vanoni, que nada mais é do que uma versão italiana de Sentado à Beira do Caminho, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos!
Mas esse elo de ligação com nós, brasileiros, é frágil e se rompe de imediato. Toscana é uma produção dinamarquesa, que explora o contraste entre duas regiões opostas. De um lado, uma Copenhague fria e elegante, envolta em refinamentos. De outro, uma Itália ensolarada e descontraída, repleta de ímpetos românticos. O diretor e roteirista Mehdi Avaz, talvez se valendo de sua origem iraniana, soube evitar a armadilha de ressaltar o estranhamento e o choque entre culturas. Concentrou-se no drama do seu protagonista, para apresentá-lo em camadas mais profundas das que costumamos enxergar nos “feel-good movies” tradicionais. Filmou um romance com pitadas de drama.
Toscana conta a história de Theo Dahl (Anders Matthesen), um chefe dinamarquês com duas estrelas no Guia Michelin, que está à frente de um refinadíssimo restaurante em Copenhague, em parceria com a restaurateur Merle (Lærke Winther). Justamente quando está às voltas com novos investidores, recebe a notícia de que seu pai morreu e lhe deixou como herança um pequeno castelo na Toscana, onde funciona um rústico restaurante. Theo guarda rancores do pai e não dá a mínima, mas diante de problemas financeiros, não vê alternativa senão ir para a Itália e vender a propriedade. Mas isso não será fácil. Ele enfrentará a resistência de Sophia (Cristiana Dell'Anna), uma garçonete que foi criada por seu pai se fosse uma filha e que mantém fortes vínculos com o castelo. É claro o clima de romance entre Theo e Sophia se tornará a tônica do filme. É claro também que a dificuldade do chefe dinamarquês em resolver as diferenças com seu pai interior será um complicador. Ainda assim, farejamos um final feliz!
A história contada em Toscana é previsível, mas é exatamente aquela que estamos interessados em ver! O diretor sabiamente cumpre a promessa: fotografia deslumbrante, músicas envolventes, gastronomia de dar água na boca, personagens carismáticos e verdadeiros, atmosfera de romance... Não é uma comédia hilariante, nem um drama contundente. É simplesmente o tipo de filme certo para se ver em boa companhia, de preferência apreciando um bom vinho, um bom queijo, algumas fatias de pão italiano... Esteja certo de que seu impulso será o de correr atrás disso quando o filme chegar ao fim! Foi o que Ludy e eu fizemos!
– Ah, que gente previsível – você poderá dizer. Sim, mas... pare e pense: a natureza do romantismo não é justamente a de ser previsível? Um fazendo exatamente aquilo que o outro espera, mas de um jeito... inesperado!
Resenha crítica do filme Toscana
Ano de produção: 2022Direção: Mehdi Avaz
Roteiro: Mehdi Avaz e Nikolaj Scherfig
Elenco: Cristiana Dell'Anna, Thue Ersted Rasmussen, Sebastian Jessen, Anders Matthesen, Lærke Winther, Sarah Juel Werne, Ghita Nørby, Ari Alexander, Andrea Bosca, Karoline Brygmann, Christoffer Jindyl, Pino Ammendola, Karla Avaz, Vincent Nørby Avaz, Luna Sauer Christensen, Elva Garcia Seidler, Renzo Del Lungo, Elias Theo Avaz, Kaiser Houborg, Willam Sauer Christensen, Esther Hansen e Sergio Pantani
Momentos previsíveis mas inesquecíveis é o que me tráz esse filme. Só gostosuras, inclusive sua crônica👏👏👏👏👏👏👏
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