Covil de Ladrões: thriller de ação com reviravolta no final

Cena do filme Covil de Ladrões
Covil de Ladrões: direção de Christian Gudegast

POLICIAIS E BANDIDOS, FICÇÃO E REALIDADE

Em termos comerciais, filmes de ação são peças de entretenimento complexas e difíceis. Quando os realizadores celebram a ação pela ação, para priorizar a pancadaria pura e simples, o resultado é entediante para o público mais velho, desinteressado por cinema raso. Quando investem num enredo com pano de fundo dramático, para dar densidade à história, afugentam o púbico adolescente – justo a fatia mais lucrativa. A maioria das produções aposta todas as fichas numa determinada faixa etária, na esperança de que ao menos rendam uma pequena franquia, com uma ou duas sequências. Esse é o caso de Covil de Ladrões, filme de 2018 dirigido por Christian Gudegast. O diretor buscou alguma profundidade dramática para os seus personagens, escreveu um roteiro com certa complexidade e investiu numa temática masculina. Alcançou sucesso de bilheteria suficiente para rodar uma sequência.
        Covil de Ladrões conta a história de Nick O'Brien (Gerard Butler), um detetive do Departamento do Xerife do Condado de Los Angeles, que está à frente de uma equipe especializada em investigar roubos a bancos. É o típico policial durão, casca grossa, cuja principal característica é posar o tempo todo de macho alfa. Ele e seus homens têm como único propósito tocar o terror nos bandidos. Ocorre que Ray Merrimen (Pablo Schreiber), outro macho alfa com antecedentes militares, também está interessado em tocar o terror na cidade, desde que isso lhe renda alguns milhões de dólares. Ele e seus homens roubam um carro forte vazio, numa ação violenta que resulta na morte de vários vigias e policiais. O que vamos assistir a partir daí é o embate entre policiais implacáveis e ladrões gélidos. Os primeiros não se importam em cruzar os limites da lei, os outros, jamais se entregarão vivos. O elo de ligação entre os dois grupos é Donnie Wilson (O'Shea Jackson Jr.), um barman que entrou na gangue de assaltantes por suas habilidades como motorista. Pressionado por Big Nick, ele se vê obrigado a se tornar informante da polícia. Pressionado por Merrimen, ele se vê obrigado a passar informações erradas. Em meio a esse jogo duplo, os bandidos seguem com seu plano de assaltar o Banco Central de Los Angeles, enquanto Big Nick precisa superar problemas na vida pessoal e liderar seus homens para impedir os criminosos.


        Este é, portanto, um thriller policial com doses generosas de ação e suspense. É o filme de estreia de Christian Gudegast na direção, mas não é a sua primeira incursão na indústria do cinema. Ele começou a carreira na direção de vídeoclipes e atuou como roteirista para grandes estúdios. Escreveu os roteiros de O Vingador, estrelado por Vin Diesel e Invasão a Londres, estrelado também por Gerard Butler, dois sucessos comerciais do gênero. Para realizar Covil de Ladrões, ele se esforçou bastante, desde o início dos anos 2000, pois precisou lidar com a falência do estúdio que assumira a produção. Trabalhou no roteiro em parceira com Paul Scheuring, para costurar uma história detalhada e criar personagens baseados em pessoas reais.
        Sim, Gudegast conta que os personagens do filme são inspirados em pessoas que ele de fato conheceu, tanto os assaltantes a bancos altamente especializados, que aterrorizaram Los Angeles na década de 1990, como o policial Big Nick e o barman Donnie. Detalhista, o diretor fez uma pesquisa minuciosa. Encontrou essas pessoas, os entrevistou, fotografou e conviveu com elas. Depois disso, buscou a ajuda de consultores para conseguir uma abordagem realista e verossímil de todo o encadeamento das ações. Inclusive, o assalto ao Banco Central apresentado no filme é baseado em especulações de especialistas sobre como ele eventualmente poderia acontecer se assaltantes ousados decidissem fazer uma tentativa.


        A produção também conseguiu o apoio da própria equipe do Banco Central de Los Angeles, que forneceu as máquinas de contagem de dinheiro que aparecem no filme. Os técnicos e engenheiros da instituição instalaram equipamentos reais e ajudaram a construir os sets de filmagem, garantindo uma verossimilhança notável em todos os detalhes. Essa abordagem realista é o que atrai em Covil de Ladrões. Todos os atores recrutados receberam treinamento intenso e mostram grande destreza na manipulação das pesadas armas de fogo.
        É compreensível, portanto, que Christian Gudegast tenha preferido ele mesmo filmar o seu roteiro. Conhecedor da cidade e das especificidades do tema, sentiu-se confortável. Realizou um filme ágil e empolgante, com um roteiro intrincado, mas bem costurado. Construiu cenas expositivas pertinentes e caprichou nos flashbacks que narram o planejamento e a execução do assalto. No final, conseguiu emplacar uma reviravolta interessante, que funciona muito bem. Sem esse ponto de virada o roteiro também funcionaria, mas ganhou um charme especial, que agradou ao público. O sucesso foi expressivo o suficiente para viabilizar uma sequência.
        Vem aí, portanto, Covil de Ladrões 2, que será rodado na Europa e mostrará Big Nick na caça de Donnie, para resolver um caso de roubo de diamantes. Mas isso já é história para outra crônica!


Resenha crítica do filme Covil de Ladrões

Ano de produção: 2018
Direção: Christian Gudegast
Roteiro: Christian Gudegast e Paul Scheuring
Elenco: Gerard Butler, Pablo Schreiber, Curtis "50 Cent" Jackson, Meadow Williams, Maurice Compte, Brian Van Holt, Evan Jones, Mo McRae, Kaiwi Lyman-Mersereau, Dawn Olivieri, Eric Braeden, Lewis Tan, Cooper Andrews, Jermaine Rivers, Max Holloway, Jay Dobyns, Alix Lapri, Matthew Cornwell e, Nick Loeb

Comentários

Confira também:

Menina de Ouro: a história de Maggie Fitzgerald é real?

Tempestade Infinita: drama real de resiliência e superação

Siga a Crônica de Cinema