Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles

Cena do filme Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles
Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles: direção de Jonathan Liebesman

DIVERSÃO COSTURADA COM REALISMO, HUMOR E CRIATIVIDADE

Este é um filme dirigido por um sul-africano, filmado com a câmera no ombro, envolto em uma atmosfera realista e documental e que fala da chegada de alienígenas ao planeta Terra. Mas observe que não se trata de Distrito 9, a distopia inteligente e original realizada em 2009 por Neill Blomkamp. Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles é uma produção hollywoodiana, dirigida em 2011 por Jonathan Liebesman, outro sul-africano que, para deleite dos amantes de ficção científica, conseguiu seguir os passos do conterrâneo e fundiu dois gêneros capazes de proporcionar ótimas sequências de ação: guerra e invasão alienígena.
        Antes de mais nada é preciso que se diga: a origem dos dois diretores não é mera coincidência. Liebesman, é claro, tornou-se admirador do cinema inovador de Blomkamp e foi pedir ajuda a ele quando decidiu entrar na disputa para concorrer à vaga de diretor em Invasão do Mundo. Recebeu um apoio generoso, com todas as dicas necessárias sobre as técnicas digitais que deveria utilizar e montou uma apresentação de dois minutos, onde materializou os conceitos que visualizou para o filme. Os produtores ficaram impressionados e contrataram Liebesman. Deram um tiro certeiro! O jovem diretor trouxe para as telas uma mistura empolgante e criativa das atmosferas que vemos em filmes como O Resgate do Soldado Ryan, Falcão Negro em Perigo e o próprio Distrito 9.
        Vejo Invasão do Mundo como um ótimo exemplo de como a máquina de Hollywood funciona sempre bem azeitada. A apresentação que Jonathan Liebesman preparou para concorrer à vaga de diretor foi financiada pelos próprios produtores, consumiu um dia de filmagem e contou com a participação da estrela do filme, o ator Aaron Eckhart, que se envolveu desde o início no projeto. Os fornecedores dos dispendiosos efeitos digitais também participaram do esforço: montaram naqueles rápidos dois minutos uma prévia das cenas que veríamos no filme. O pulo do gato, portanto, foi a apurada concepção visual que Liebesman ousou propor. Mas antes de falar dela, é melhor dar uma espiada na sinopse do filme:
        Invasão do Mundo conta a história do sargento Michael Nantz (Aaron Eckhart), que tenta se desligar do corpo de fuzileiros, mas tem que voltar atrás diante de um assombroso evento em escala global: alienígenas invadem a terra, jogam suas naves no oceano e realizam um espetacular desembarque nas praias da Califórnia. O sargento se junta ao pelotão liderado pelo tenente William Martinez (Ramón Rodríguez) e precisa percorrer as ruas de Los Angeles, infestadas de soldados alienígenas monstruosos e desumanos, para resgatar um grupo de civis acuados numa área que será bombardeada pelos americanos em poucas horas. Eles encontram Joe Rincon (Michael Peña) e Michele (Bridget Moynahan), além de algumas crianças, mas tirá-los do campo de batalha não será nada fácil. O que se segue são sequências intermináveis de guerrilha urbana, onde os inimigos a enfrentar não são outros humanos possuídos por ideologias nefastas ou crenças fundamentalistas. São simplesmente seres desprovidos de humanidade, interessados apenas em exterminar a população do planeta.
        O ponto forte de Invasão do Mundo está no fato de que ele foi concebido como um filme de guerra com o pé na realidade. Os fuzileiros que protagonizam a história são treinados e se comportam com verossimilhança. Os alienígenas que cruzaram o espaço interestelar para nos dominar, apesar da aparência horripilante, são soldados, portam armas e seguem um comportamento militar. A partir desse conceito, o diretor construiu um visual consistente. Contou com a ajuda do artista plástico Paul Gerrard, que assinou a direção de arte. Sua concepção gráfica da chegada dos invasores espaciais é grandiosa e conseguiu a imponência equivalente ao... desembarque na Normandia! Quando finalmente nos deparamos com o inimigo, é no calor das batalhas de rua, como de fato haveria de acontecer num tal evento catastrófico como esse.
        O cenário de Invasão do Mundo é composto basicamente pelas ruas de Los Angeles. Não aquelas dos pontos turísticos ou marcos urbanos que conhecemos pela mídia, mas aquelas do dia-a-dia, por onde os nativos circulam e levam suas vidas. Da mesma forma, os planos articulados pelo diretor não são estáticos, ou mostrados com requintes de planejamento. Tudo está em movimento, captados por câmeras portáteis, postas nos ombros dos cinegrafistas e sujeitas ao calor dos eventos que filmam. Quando os efeitos de computação gráfica são adicionados às cenas captadas com essa displicência intencional, o resultado surpreende. Nós, espectadores, já estamos calejados quanto às possibilidades dos efeitos visuais digitais, mas ao serem adicionados para trabalhar a favor da narrativa, camuflados em meio ao realismo, garantem um resultado mais poderoso.
        Outro ponto que salta aos olhos em Invasão do Mundo é a simbiose perfeita entre o roteiro e a filmagem das cenas previstas. O roteirista Chris Bertolini, que traz no currículo o roteiro do filme A Filha do General, conseguiu estabelecer com agilidade todo o desencadeamento da história, mas a temperou com pitadas de humor espontâneo e pertinente. Por se tratar de um filme de ação, apenas o protagonista desenvolve um arco de transformação, mas todos os personagens se comportam com pertinência, cada um no domínio do espaço dramático em cenas específicas. Como resultado, desenvolvemos empatia por todos eles.
        O filme nos bombardeia com ótimas cenas de batalha, mas não sufoca com ação desenfreada. Há momentos de aflição, de suspense, de reflexão, de humor... O estilo de Jonathan Liebesman é juntar tudo isso, filmar de um jeito “quase” improvisado e depois contar sua história com espontaneidade na hora da edição. É um estilo original, que vai na contramão daquele cinemão que marcou a ficção científica, realizada pelos grandes mestres do gênero, onde o ponto de partida é sempre o planejamento detalhado que beira o obsessivo.
        – Ah, mas Invasão do Mundo é apenas entretenimento – diriam os cinéfilos mais puristas, certos de que não há termo de comparação com os grandes clássicos da ficção científica. Em resposta eu só posso retrucar:
        – Ah, mas ainda bem que um filme assim foi realizado, e pelas pessoas certas! Todos merecemos um pouco de diversão!!


Resenha crítica do filme Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles

Ano de produção: 2011
Direção: Jonathan Liebesman
Roteiro: Chris Bertolini
Elenco: Aaron Eckhart, Michelle Rodriguez, Will Rothhaar, Ramón Rodríguez, Cory Hardrict, Gino Anthony Pesi, Ne-Yo, James Hiroyuki Liao, Bridget Moynahan, Noel Fisher, Adetokumboh M'Cormack, Bryce Cass, Michael Peña, Joey King e Jim Parrack

Comentários

  1. Muito bom meu amigo, já assistir 3 x o filme rs. Saberia informar devido o final dele, demostrar ter continuação? A perguntar que não quer se calar... Vamos ter o filme 2? Continuação...

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Confira também:

Menina de Ouro: a história de Maggie Fitzgerald é real?

Tempestade Infinita: drama real de resiliência e superação

Siga a Crônica de Cinema