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Yellowstone: uma série destinada ao sucesso

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Yellowstone: série dirigida por Taylor Sheridan RENOVADO, O WESTERN GANHA UMA NOVA CHANCE Eis aqui uma série de TV envolvente, realizada como um faroeste moderno, que resgata os melhores atributos do gênero e nos apresenta a personagens inesquecíveis. Trata-se de Yellowstone , um título no qual você já deve ter tropeçado enquanto fuçava os serviços de streaming. O que me fez dar o play sem pestanejar foi a presença de um nome importante: o de... Taylor Sheridan! Talvez você esperasse que o nome citado fosse o de Kevin Costner, astro do primeiro time de Hollywood que encabeça o elenco, mas como cinéfilo interessado em esmiuçar a arte da escrita, fiquei empolgado ao ver o nome do diretor e roteirista imperar nos créditos.           Se você ainda não associou o nome à figura, lembro que Taylor Sheridan é o autor de três roteiros de grande sucesso nas bilheterias: Sicario: Terra de Ninguém , A Qualquer Custo e Terra Selvagem . Seu estilo enxuto e objetivo, cen...

O Franco Atirador: filme de 1978 vencedor do Óscar

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O Franco Atirador: filme de Michael Cimino AS CONSEQUÊNCIAS DEVASTADORAS DA GUERRA DO VIETNÃ É lamentável ter que começar uma crônica sobre o filme O Franco Atirador , realizado em 1978 por Michael Cimino, falando do seu título. Sempre me incomodei com ele. Primeiro, porque a expressão franco-atirador leva hífen – sinal que nesse caso específico resistiu bravamente aos acordos ortográficos. Depois, porque a expressão está longe de manter diálogo com o título original, The Deer Hunter . Compreendo os motivos que levaram os distribuidores aqui no Brasil a evitar a mera tradução. O caçador de veados, naquele final dos anos 1970, estaria mais para título de pornochanchada e suscitaria alguns mal-entendidos. Em Portugal foram mais assertivos. Batizaram o filme de O Caçador .           A questão é que a expressão franco-atirador remete a um soldado, com ímpeto militar, envolvido em batalhas, com sangue nos olhos. Mas o protagonista de O Franco Atirador não é nad...

Cinco filmes de Roman Polanski

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PROFUNDIDADE PSICOLÓGICA E AMBIENTAÇÃO IMPECÁVEL Se você, caro leitor, estiver interessado em conhecer detalhes sobre a vida, a carreira e a obra de Roman Polanski, sugiro que apele para o Google. Basta digitar o nome do diretor no buscador, para abrir as comportas e ser inundado por um oceano de informações. A depender do seu fôlego, poderá alcançar profundidades reveladoras. Aqui na Crônica de Cinema, no entanto, tudo o que você encontrará será o depoimento deste cronista autoproclamado cinéfilo, mais interessado em compreender o papel que os filmes tiveram, têm e terão na construção da meu ser.           E como os filmes de Roman Polanski foram marcantes para mim! O primeiro ao qual assisti foi O Bebê de Rosemary , no cineclube da Escola Técnica. Fiquei arrepiado por noites seguidas! Depois veio A Dança dos Vampiros , Chinatown , Tess , Piratas , Busca Frenética , O Pianista ... Bem, Polanski já assinou dezenas de filmes, dos quais conheço talvez uma dúz...

Coração Satânico: desconfortável e assustador

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Coração Satânico: direção de Alan Parker CINEMA COM SINTAXE DE PURO PESADELO Não sei se já aconteceu com você, mas comigo é frequente: assisto a um filme tantas vezes, em partes, por inteiro, pausadamente... Até que meu objeto de estudo se esfarela em banalização. Vira massa homogênea de obviedades, que decido pôr para descansar, coberta por um pano de prato, antes de levar ao forno. E fica lá, esquecida, até que decido retomar de onde parei. Então recupero a memória e me dou conta dos motivos que me levaram a ver, rever, pausar, adiantar, voltar... Meu Deus! Como pude esquecer um filme desses? Nada tem de banal. Nem de óbvio! Coração Satânico , filme de 1987 dirigido por Alan Parker é desse tipo de filme. Gosto de saboreá-lo de tempos em tempos. Aproveito que já virou lembrança embaçada na minha mente de cinéfilo – talvez para ter a sensação de aproveitar uma iguaria recém-saída do forno.           Ao chegar às salas de cinema, Coração Satânico exalava no...

O Leitor: verdade ou ficção?

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O Leitor: direção de Stephen Daldry COMO VIVER À SOMBRA DOS CRIMES DO NAZISMO? É empolgante esbarrar em grandes títulos escondidos nos serviços de streaming. Outro dia, Ludy e eu já estávamos desanimados – quase prontos para nos render a um filminho qualquer – quando nos surge a capa de O Leitor , filme dirigido em 2008 por Stephen Daldry. As estampas de Kate Winslet e Ralph Fiennes apareceram como um alento. Pronto! Não precisávamos mais nos conformar com a mediocridade! Foi dar o play e fruir cinema de verdade.           De imediato me ocorrem três pontos que precisam ser destacados sobre O Leitor : primeiro, Kate Winslet venceu o Óscar por sua atuação nesse filme, com justiça. Que interpretação! Segundo, o filme remete ao Holocausto e à culpa que remoeu a consciência dos alemães nas décadas que se seguiram à Segunda Guerra. E terceiro, as pitadas de erotismo, espalhadas com pertinência e sensibilidade por todo o primeiro ato do filme, elevaram ainda mais...

Star Trek: um rebbot criativo e empolgante

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Star Trek: direção de J. J. Abrams NÃO PRECISA SER FÃ INVETERADO PARA SE DELICIAR Por que Star Trek , a série de TV criada em 1966 por Gene Roddenberry, funcionou tão bem no imaginário popular, a ponto de se tornar um latifúndio na cultura pop? Os star trekkers já devem ter se apoderado de um significativo percentual de todos os megabytes da internet, tamanha a vastidão de informações disponíveis sobre as séries, filmes, games, quadrinhos, livros, brinquedos e outras bugigangas derivadas da série original. Geração após geração, o número de fãs incondicionais só aumenta. Os anos passam e o sucesso de Star Trek segue em velocidade de dobra, rumo ao infinito e além – para usar aqui um tom de propositada heresia!           Aposto que nem mesmo os marqueteiros detentores dos direitos da franquia conhecem a resposta para a pergunta lá do começo. Talvez colecionem um punhado de respostas, que ensejam dezenas de novas perguntas. Vejo esse estrondoso sucesso como ...

Direto ao Conto - 4

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AdvocacIA São Paulo, 7 de novembro de 2048 – 19h12 . João entrou ofegante na sala de embarque e encontrou todas as poltronas ocupadas. Muitos aguardavam de pé. Por sorte, um idoso sentado a poucos metros dele se levantou, pegou a bagagem de mão e saiu apressado. Que sincronia providencial! João não precisou demonstrar afobação nem ser deselegante. Apenas se sentou. Ajeitou a gravata, tirou o celular do bolso e retomou a leitura do seu livro. Tentava parecer despreocupado e entediado, como cabe a todo passageiro calejado de viagens aéreas. Mas logo perdeu a pose: uma mensagem da Estatal de Correios veio para o primeiro plano, como um alerta inoportuno:           “João Hermes de Araújo. Cruzamos seus dados de origem e destino e identificamos uma oportunidade de otimização logística. Trata-se de um pacote remetido para o seu endereço, a ser entregue para seu vizinho do apartamento 1612. A remessa chegará às suas mãos por meio de um de nossos drones. O pacote j...

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